Termina hoje a última semana realmente útil no Congresso Nacional. Especialmente movimentada pelas articulações envolvendo a sucessão de Rodrigo Maia (DEM-RJ), trouxe negociações improváveis e ataques ao presidente que se despede.
Maia abriu canal de diálogo com a esquerda, chegou a chamar Jair Bolsonaro de mentiroso, devolvendo a acusação feita em live presidencial de ter sido responsável pela não votação do 13º salário do Bolsa Família, foi considerado “truculento” pelo candidato do governo a seu cargo, deputado Arthur Lira (PP-AL), e viu defecções importantes em sua base, como a de Marcos Pereira (Republicanos).
Mas Maia segue na pegada, e busca um nome viável para peitar Lira.
O principal argumento do parlamentar fluminense para atrair os representantes do PT, PSB, PDT e PCdoB é bastante óbvio, e não exige grande esforço de raciocínio para ser acolhido pelos dirigentes dos partidos do campo progressista. É que o nome de Maia deverá ser a única alternativa possível para bater o candidato alinhado com o palácio do Planalto.
Maia quer convencer os partidos de oposição, sem os quais Lira não terá maioria, de que essa proximidade não será nada proveitosa para o parlamento, e a agenda conservadora de costumes e bizarrices (armamentismo, voto impresso, homeschooling) do presidente sob Lira tende a ganhar tração.
Enquanto isso, o alagoano, que tinha aventado a possibilidade de ressuscitar o imposto sindical e o fim da Ficha Limpa (depois, negou publicamente por pressão da ala bolsonarista) se vê isolado entre o centro e a direita.
Ainda assim, é um nome fortíssimo.
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Na manhã desta sexta-feira, Maia incluiu a previsão de pagamento do 13º do Bolsa Feminina em medida provisória que ainda será votada pelo Congresso este ano. O deputado, portanto, não se limitou a refutar Bolsonaro e esclarecer que foi o Planalto que trabalhou para derrubar essa medida ao longo do ano.
Não deixou barato.
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Ao final do dia, o PT anunciou apoio ao bloco organizado pelo presidente da Câmara. Maia também retirou o 13° do Bolsa Família a pauta.
Disse Maia, numa rápida solenidade para comunicar o acerto com o PT e outros partidos: “Essa não é a eleição entre o candidato A ou candidato B, é a eleição entre ser livre e subserviente. Ser fiel aos fatos ou devoto das fake news”.
Sexta quente.