É difícil associar a atividade de emprestar dinheiro e financiar setores econômicos a um certo romantismo. Mais comum é ligar riqueza a glamour – o que nem sempre é verdade: às vezes riqueza demais leva a uma cafonice sem fim.
Mas a morte de Joseph Safra, ontem, em São Paulo já despertou em alguns cronistas a ideia de que se fecha a era supostamente romântica dos grandes banqueiros.
Em cerca de um ano morreram Lázaro Brandão, do Bradesco, Aloysio Faria, fundador do Real, e, agora, Safra.
O sistema financeiro brasileiro, concentradíssimo, facilitou o negócio para esses pioneiros, que nos últimos anos começaram a enfrentar a concorrência das fintechs.
Imigrante libanês, era um dos três irmãos que seguiram no Brasil com o negócio aberto pelo pai, Jacob, ainda no Líbano. A revista Forbes publicou que em 2020 ele se tornou o bilionário brasileiro de maior patrimônio, R$ 120 bi. Para a revista suíça Bilan, sua família tinha a terceira maior fortuna da Suíça, avaliada em cerca de R$ 130 bi.
Nos Diários da Presidência, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso relata algumas visitas que recebeu do banqueiro. Numa delas, revela certo descontentamento.
A conversa foi em torno da possível compra pelo Safra do banco Bamerindus. Escreve FHC:
“Não me deu a impressão de estar grandemente empenhado em comprar o Bamerindus. Disse [que comprava] se o Banco Central deixasse à margem 1 bilhão de reais, para, se não der certo, devolver. Bom, assim não dá!”
Safra morreu de causas naturais, aos 82 anos.
O banco Safra emitiu a seguinte nota: “Homem afável e perspicaz, dedicou sua vida à família, aos amigos, aos negócios e causas sociais. Foi um grande banqueiro, um verdadeiro empreendedor que construiu o Grupo Safra no mundo, obtendo sucesso por sua seriedade e visão de negócios. Foi um grande líder e muito respeitado dentro e fora da organização.”
Veja reportagem especial do Glamurama sobre as viúvas Vicky, Lily e Chella, herdeiras da fortuna de Joseph, Edmond e Moise, respectivamente.