Por Carla Julien Stagni
Fotos Paulo Freitas
Ela é uma das cardiologistas mais conceituadas do país. Frequentam seu consultório personalidades dos negócios, artes e política: a lista vai do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), à cantora Anitta. Fato é que Ludhmila Hajjar é uma apaixonada pela medicina e se dedica 24/7 à profissão. Só abre precedente quando o assunto é música. Dia desses conseguiu espaço em sua concorrida agenda para ir ao show de Marisa Monte, de quem é fã. “Sou aquela pessoa que nasceu para ser médica. Minha vida é isso e quero continuar ensinando, atuando e cuidando de pacientes”, pontua ela, que é cardiologista e intensivista formada pela UnB, com residência no Hospital das Clínicas e doutorado na Universidade de São Paulo. Também é professora de cardiologia da faculdade de medicina da USP e referência em sua área. Há pouco mais de um ano deixou de fazer parte do alto escalão do conceituadíssimo hospital Sírio-Libanês para integrar o olimpo da luxuosa Rede D’Or, ao lado de autoridades médicas como o urologista Miguel Srougi, o cirurgião Antonio Luiz Macedo e o oncologista Paulo Hoff.
Como se não bastasse ser tão bemsucedida na carreira que escolheu, Ludhmila ocupou as manchetes políticas ao ser cogitada para assumir o Ministério da Saúde do governo Bolsonaro, no lugar de Eduardo Pazuello, no auge da crise sanitária da Covid-19, em 2021. “Sempre trabalhei com medicina pública. Sei como é o sofrimento das pessoas, as dificuldades de acesso a um sistema de saúde de qualidade, e meu maior sonho é ajudar a população a ter uma saúde mais eficiente. Naquele momento, achei que poderia contribuir assumindo o ministério. Mas logo percebi que não conseguiria trabalhar com esse governo.”
O papo com a PODER aconteceu em seu consultório em São Paulo. Localizado no Itaim, em um prédio de alto padrão bem em frente ao hospital Rede D’Or São Luiz, chama a atenção pelo tamanho. Superespaçoso, é ocupado por mobiliário de linhas retas com predominância de materiais como madeira e couro. Sua sala de atendimento é até pequena se comparada ao resto. Ali apenas uma mesa, uma maca, alguns porta-retratos com fotos da família e diversos diplomas enquadrados.
Ludhmila diz que o ambiente foi feito sob medida pela Rede D’Or, mas que ela pôde dar seus “pitacos”. “Fiz questão que fosse no primeiro andar porque tem essa varanda”, diz ela mostrando um espaço semelhante a um lounge ao ar livre com muitas plantas, vasos, móveis de rattan, teto e lustres de palha. “Quero que as pessoas se sintam bem, tranquilas, enquanto esperam para serem atendidas”.
Voltando ao inevitável tema político, a cardiologista deixa claro: “Não me imagino em uma carreira política. Gostaria de contribuir com um novo governo integrando o quadro técnico que está por trás de uma liderança, no caso um ministro da Saúde. Diante desse desmonte que a gente está assistindo, tudo o que queremos é um futuro melhor. Estou ligada a duas das áreas mais maltratadas dos últimos tempos: saúde e educação”.