Por Carla Julien Stagni, Dado Abreu, Dolores Orosco e Paulo Vieira
DILMA SOUZA CAMPOS, CEO da Outra Praia
São várias as razões que levam alguém a empreender. Há quem tenha dificuldades com a chefia imediata, existem os afortunados que recebem um empuxo financeiro, há os vocacionados. No caso da paulistana Dilma Campos, 50 anos, dona da butique de comunicação e de live marketing Outra Praia, preconceito racial foi o trampolim a fazê-la empresária. “Superava todas as metas, tinha ideias que eram aproveitadas, mas via todo mundo subir, e eu não”, disse a PODER, a respeito de seu tempo numa agência de comunicação ligada a um grupo internacional. Há muita gente que abranda o mundo corporativo, como achar que esse tipo de coisa é fruto de um deslize pessoal ou pontual, e mesmo coisa antiga, mas o problema é mais embaixo: chama- -se racismo estrutural. Não que ela já não o tivesse vivido – diz ter “aprendido” que era negra ao mudar-se de um colégio público para um privado, onde, num universo de 2.500 alunos, havia, contando ela, três estudantes negros. O sonho de Dilma nesses tempos era ser caixa de supermercado ou, melhor ainda, gerente dessas funcionárias – o único lugar, ela pensava, que uma negra poderia trabalhar sem ser doméstica. Dilma foi construindo sua carreira com afinco e perspicácia. Das aulas de balé para um papel de dançarina no Castelo Rá-Tim-Bum. Daí para assistência e direção de palco e, mais tarde, direção criativa de eventos. Sua Outra Praia, fundada em 2013, começou a se destacar, entre outras razões, pelo viés de diversidade e inclusão que passou a injetar em eventos. Desde coisas sutis, como um aviso afixado no banheiro de que preconceito naquele ambiente jamais seria admitido, a operações mais complexas, como a capacitação da brigada de segurança para a aplicação de revista corporal (como fazê-lo em pessoas trans?) à criação de um drink cujo consumo significa pedir ajuda contra tentativa de assédio sexual. Há cerca de quatro meses, Dilma voltou à TV, desta vez para participar de O Plano É Esse, um reality show corporativo do Multishow, uma espécie de Shark Tank low budget. Mentora dos pequenos empresários que participavam da gincana, ela estava à vontade interpretando a si mesma, um papel que reconhecia sua trajetória profissional. Uma trajetória pela qual os competidores dariam um rim para viver, talvez excluída a parte da opressão em que a carreira de Dilma foi forjada – o que muita gente ainda chama, sem ironia, de “meritocracia”.
ALCIONE ALBANESI, Idealizadora e presidente da ONG Amigos do Bem
A insólita carreira de Alcione, que decidiu sozinha fazer o proverbial “negócio da China” – sem falar chinês nem conhecer ninguém no país, tornou-se importadora de lâmpadas LED –, foi de alguma forma levada para o Terceiro Setor, que ela enxerga com visão empresarial, exceto pelo fato, sublinhado por ela, de que está a “salvar vidas”. Fundadora da Amigos do Bem, com grande atuação nas regiões mais carentes do nordeste brasileiro, ela já disse a PODER que “não faz conta de quanto posso ganhar, mas de quantas vidas posso transformar”.
Beatriz Bottesi, head de marketing do Meta Brasil
É difícil saber se cuidar da imagem dos produtos do Meta no Brasil é bônus ou ônus. As revelações do Facebook Papers mostraram que a empresa desprezou diagnósticos internos de que gerava transtornos em inúmeros campos, como o da saúde mental de jovens usuárias do Instagram. Mas as ferramentas da Meta são fundamentais na comunicação de milhões de brasileiros, e Beatriz, head de marketing da empresa por aqui, tem noção disso. Com passagem por Coca-Cola, Nike e Red Bull e agência de publicidade, a executiva conheceu o machismo e o narcisismo próprio desse ambiente. Mas as coisas parecem estar a mudar. “Cuidar das pessoas se tornou uma pauta genuína”, disse recentemente.
“Para novas líderes, o segredo é se livrar da culpa quando se tratar de equilibrar a vida pessoal e a profissional. Sendo impossível ser onipresente, há momentos em que será necessário priorizar uma ou outra agenda, e isso é parte inevitável do processo. No longo prazo, tudo se resolve”
Marienne Coutinho, sócia-líder de Tax Transformation da KPMG no Brasil
EMILY EWELL, CEO e fundadora da Pantys
Há menos de oito anos no Brasil, a estadunidense Emily Ewell, 36 anos, já pôde vivenciar de maneiras distintas as agruras de empreender no país. Sócia-fundadora junto com sua sobrinha da Pantys, uma empresa que fabrica lingeries para substituir o consumo de absorventes – e o impacto deles no meio ambiente –, ela atua numa área ainda periférica, o social enterprise. De qualquer forma, não comunga do vício preguiçoso de parte do empresariado brasileiro, aquela que quer estado nenhum, mas não se vexa com desoneração perpétua de imposto. Para ela, o Brasil pode até não ser para iniciantes, mas isso não é um traço claro de distinção. “Cada mercado é um desafio diferente, no Brasil há bem menos competição do que nos Estados Unidos. Lá é muito caro para crescer no negócio, o custo de mídia é alto mesmo para uma empresa como a minha, focada no e-commerce. No Brasil há muita criatividade, e o mercado daqui de moda é um dos poucos do mundo que tem uma cadeia inteira de várias indústrias”, diz. Emily, que trabalhou na Merck e na Novartis, duas gigantes farmacêuticas, na consultora Deloitte e também numa estrutura da ONU para o combate da diabetes pelo mundo e chegou ao Brasil por vias sentimentais, pode-se dizer, não vê por aqui ainda um “mindset” da tão falada economia do stakeholder, aquela que não vê o acionista como a única parte interessada no negócio. A Pantys está no Sistema B, conjunto de empresas que devem promover, com seus modelos econômicos, bem-estar para pessoas, sociedades e planeta, tudo isso a partir de métricas e critérios bem estabelecidos. As peças em tecido biodegradável da Pantys, com bloqueador de odores e capacidade de absorção e durabilidade de dois anos (ou 50 lavagens) são capazes, segundo números da empresa, de substituir 4 quilos de descarte de absorventes por ano – que demandam 400 anos para se decompor na natureza. Além disso, a empresa promove combate à pobreza menstrual com doação de peças a comunidades carentes. Emily ainda criou features de empoderamento feminino, como portais de conteúdo que divulgam informações verificadas sobre menstruação e educação financeira. Tudo isso sem perder a ternura – e a sustentabilidade econômica – jamais. A Pantys chegou a seu break even já em 2018, um ano após ser fundada.
CAROLINA MENDES DA COSTA, fundadora da rede Gal
Enxergar o óbvio às vezes é coisa apenas para os muito evoluídos. Como a jovem fundadora da Gal, rede de salões de beleza que, à exemplo de tantas empresas do varejo, decidiu que seria uma boa ideia unificar procedimentos e dar identidade visual a salões de beleza – aqueles pequenos ou minúsculos, de bairro. Isso no pior momento da pandemia em São Paulo, com restrições de circulação em curso.
“Meu conselho é trabalhar a saúde mental, investir em um networking poderoso, buscar conhecimento, assumir a própria carreira e não terceirizar para outras pessoas, além de não se afastar do seu propósito de vida”
Ana Fontes, presidente da Rede Mulher Empreendedora (RME)
COMUNICATIVAS
Andrea Álvares, vice-presidente de marketing, inovação e sustentabilidade e membro do Comitê Executivo da Natura
Christiane Silva Pinto, gerente de marketing do Google Brasil
Danielle Bibas, vp de marketing da Avon
Malu Mertens, gerente corporativa de marketing e comunicação do Iguatemi
Malu Weber, diretora executiva de comunicação corporativa da Bayer Brasil
Marcella Kanner, head de comunicação corporativa e de marca da Riachuelo
Maria Lúcia Antonio, gerente de marketing e comunicação da FCA Latam
Mariangela Klein, gerente de marketing da Accor Hotels
Marina Daineze Keresztes, diretora de imagem e comunicação da Vivo
Samantha Simon, head de comunicação da JHSF Malls
Taciana Lopes, head de marketing WhatsApp
Thaya Marcondes, diretora estratégica da LBN Hub
Patricia Vanzolini, presidente da OAB-SP
Quando se decidiu concorrer para quebrar a hegemonia masculina, conservadora e al – go retrógada da seção paulista da OAB, a ad – vogada Patricia Vanzolini deve ter suspirado com o tamanho da incumbência. A se – ção paulista é a maior do Brasil, com 333 mil advogados, e ela buscava se tornar a primeira mulher a presidi-la. Talvez não imaginasse que venceria, em novembro passado, numa dispu – ta renhida com o incumbente, Caio Augusto. De qualquer forma, o som não pode parar e ela já começou uma política de inclusão para pro – mover a igualdade racial na entidade, além de ter aprovado a criação do Conselho da Jovem Advocacia.
RENATA AFONSO, CEO da CNN Brasil
Com apenas dois anos no Brasil, a CNN viveu momentos turbulentos. Da saída de um de seus pioneiros aqui, o jornalista Douglas Tavolaro, às críticas pelo programa O Grande Debate, que opôs, na opinião de Gabriela Prioli, uma de suas primeiras participantes, o “achismo ao fa – to”, a “maior do mundo”, no slogan da empresa, agora é liderada por Renata, que fez carreira vertical em cinema e TV. Casada com outra mulher, ela chegou à CNN apresentando esse traço biográfico, e, co – mo disse em entrevista, por querer “fazer uma gestão transparente, não poderia esconder quais são as minhas convicções e quem sou”.
MIRIAN GOLDENBERG, antropóloga, professora titular da UFRJ e autora de mais de 20 livros que discutem os caminhos da libertação feminina dos mais diversos tipos de prisão – da estética à sexual.
Qual o momento mais importante da sua carreira? Não diria o momento, mas o caminho que percorri. Minhas pesquisas ganharam projeção para fora da universidade por – que falo às mulheres com uma linguagem acessível, mas com muito estudo e profundidade. Foi muito especial este ano ver minha palestra no TEDxSão Paulo, sobre meu livro A Bela Velhice, atingir mais de 1,2 milhão de visualizações.
Nesse livro, lançado em 2013, você analisa como a sociedade é cruel diante do envelhecimento feminino. Mudou alguma coisa nesses quase dez anos? Sim. Estamos em um movimento de libertação que não tem volta. Nós sofremos muito com essa pressão pela juventude, pelo corpo perfeito e ainda ter que realizar todas as obrigações familiares e profissionais. Mulheres de todas as idades estão dizendo “basta!” e eu tenho muito orgulho de fazer parte disso com meus mais de 30 anos de pesquisas sobre o tema.
INOVADORAS
Amália Sechis, fundadora e diretora da Beef Passion, produtora de carne brasileira 100% sustentável
Ana Bógus, CEO da Havaianas
Barbara Fortes, CEO da Esteé Lauder
Chiara Sandri, CEO e fundadora da Lubs Sexual Care
Esther Schattan, fundadora e diretora da Ornare
Etienne du Jardin, cofundadora e CPO da Mimo Live Sales, plataforma de shop streaming
Ingrid Barth, fundadora da fintech Linker
Jihan Zogbhi, presidente e fundadora da Dr. TIS, plataforma de telemedicina e software de gestão de imagens médicas para centros de diagnóstico
Livia Cunha, fundadora e CEO da Cuco Health, startup de cuidado digital, que foi vendida para o Grupo Raia Drogasil. Livia agora integra o grupo
Luciana Resende, vp de marketing da Visa
Luciana Ribeiro, sócia da EB Capital
Malu Nachreiner, líder da divisão agrícola da Bayer no Brasil
Marcia Ferraresi, managing diretor da Patria Investimentos
Marina de Mesquita Willisch, vp da GM
Monique Lima, cofundadora e CEO da Mimo Live Sales
Nathalia Lousa Simões e Nicole Vendramini, cofundadoras da Holistix, startup que repensa o bem-estar
Regiane Abreu, especialista em sustentabilidade da Light S/A
Renata França, esteticista e empresária, fundadora do SPA Renata França e criadora do método MiracleTouch
Renata Gomide, diretora de marketing do Grupo Boticário
Sarah Buchwitz, vp de marketing e comunicação Mastercard
Sheilla Albuquerque, vp da AgroGalaxy, umas das maiores empresas varejistas do agronegócio
Stella Brant, CEO da Liv Up
Stephanie von Staa, fundadora e CEO da Oya Care, femtech que ajuda mulheres e pessoas com ovário a se empoderarem dos seus corpos por meio da saúde
DANI JUNCO, CEO da B2Mamy
A ideia de que fundadores de startups precisam dedicar a própria vida e algo mais ao negócio não sensibilizou a fundadora da B2Mamy, que capacita mães exatamente para empreender. Dani, que antes de tudo é mãe do Lucas, como ela deixa claro em qualquer manifestação, vive momento de expansão de sua empresa, que atua como aceleradora e desenvolvedora de soluções em educação e geração de renda para mulheres.
MARIANA FALCÃO, CEO da Mr. Veggy
A expressão inglesa “walk the talk” é bastante usada no mundo corporativo. Ela designa que aquilo que uma empresa expressa, ou crê, tem de ser vivenciado internamente. A Mr. Veggy gabarita no quesito, já que ela foi criada em 2004 para dar suporte a vegetarianos como a filha dos próprios fundadores, Mariana Falcão, hoje com 40 anos e agora CEO da empresa. A marca, com grande recall e bem distribuída em supermercados pelo Brasil, fez de Mariana um dos destaques do agronegócio.
PATRICIANA RODRIGUES, presidente do conselho de administração das Farmácias Pague Menos
Num setor em que para sobreviver é preciso ir desesperadamente às compras, a Pague Menos vem mostrando um apetite quase incontrolável. Recentemente, arrematou do grupo Ultra a Extrafarma por R$ 700 mi. Patriciana, que é da segunda geração da família fundadora, passou por muitos setores da empresa e hoje, como chair, controla a estratégia, à frente do conselho de administração.
PATRICIA MURATORI, head do YouTube Brasil
Diretora do YouTube e participante dos boards da Porto Seguro e da Rio Alto, depois de encerrar uma carreira em publicidade, Patricia parece viver um momento iluminado na plataforma de vídeos do Google, cuja “vertical” de esporte tem quebrado recordes de audiência com a transmissão dos jogos do Campeonato Paulista, no que talvez seja o começo do fim do domínio das TVs abertas no futebol.
“Lembre-se sempre de construir e consolidar a sua reputação de forma que as pessoas reconheçam a sua autoridade, conhecimento e seu caráter. Fique sempre atenta à sua marca pessoal e dedique tempo para construir relacionamentos e um excelente networking. Mas faça isto de forma genuína, com dedicação e empatia. Dessa forma todas as portas estarão abertas para você”
Marly Parra, conselheira de administração e membro da Comissão de Ética em Governança do IBGC e do Conselho da iHUB Investimentos XP
CIENTÍFICAS
Albertina Duarte Takiuti, ginecologista e obstetra
Angelita Habr-Gama, professora titular emérita de cirurgia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FM-USP).
Anna Sara Levin, médica infectologista do Hospital das Clínicas de SP
Claudia Cohn, CEO do Alta Diagnósticos
Claudia Feitosa-Santana, ensaísta, neurocientista, professora, pesquisadora e palestrante
Fernanda Tovar-Moll, médica e pesquisadora
Jaqueline Goes de Jesus, biomédica, integrou a equipe que mapeou os primeiros genomas do novo coronavírus (SARS-CoV-2) no Brasil
Jeane Tsutsui, CEO do Fleury
Ludhmila Hajjar, médica cardiologista
Margareth Dalcolmo, pneumologista e uma das vozes mais ativas contra a Covid-19 no Brasil
Mariângela Simão, diretora da Organização Mundial da Saúde (OMS)
Natalia Pasternak Taschner, cientista que teve papel de destaque na divulgação sobre a Covid-19
Nísia Trindade, presidente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a primeira mulher a ocupar esse cargo em 120 anos
Patrícia Villela Marino, cofundadora e presidente do Instituto Humanitas360, que milita pelo uso de cannabis medicinal
3 PERGUNTAS PARA JULIANA COELHO, líder global do modo de produção da Stellantis, responsável por unificar o sistema das fábricas da Fiat, Jeep, Citroën e Peugeot
A questão é bastante complexa, mas seu trabalho é unificar um modo de produção que deve ser muito distinto também por questões culturais. Como pretende fazer isso?
Nas minhas viagens, comprovei o que já tinha em mente: a diversidade é rica. E essa diversidade de cultura, de olhares e experiências nos permite ter soluções fantásticas em cada planta. Meu trabalho é unificar o método que deve ser utilizado e garantir que nenhum aspecto importante deixe de ser analisado. E fazer isso sem comprometer a criatividade, preservando identidades culturais. Minha rotina hoje envolve várias viagens, mas já estou acostumada com o nowhere office. As ferramentas de comunicação permitem que eu adapte minhas demandas, contornando todas as adversidades.
O ambiente das montadoras costuma ser muito masculino. Isso foi obstáculo para você? Como atrair mais mulheres para o setor?
Comecei minha vida profissional no polo automotivo de Goiana, em Pernambuco, e acompanhei esse projeto espetacular da indústria desde seu início. Tive a oportunidade de conhecer profissionais e gestores – homens e mulheres – que foram verdadeiros guias na construção da minha carreira. Acredito que as empresas têm um papel fundamental de criar um ambiente receptivo para atrair e reter mulheres profissionais em seus quadros, além de agir internamente para combater qualquer viés que venha a desmotivar ou atrapalhá-las. Diversidade&Inclusão merece um esforço coletivo e acredito que avançamos. Meu papel é ser parte desse esforço inclusivo no dia a dia. Faço parte de um grupo lançado em março dentro da empresa, o Women of Stellantis, que reúne 3 mil colegas de 26 países, cuja meta é ampliar a representatividade e o desenvolvimento das mulheres na empresa. Os objetivos da Stellantis nesse campo são bem conhecidos: 35% de mulheres ocupando cargos de liderança até 2030. Atualmente esse índice é de 24%.
Há alguma diferença essencial no jeito feminino de gerir?
Cada pessoa tem suas próprias particularidades, mas acredito que importante para liderar é estar em contato com as pessoas, deixar as portas abertas e conhecer o seu próprio time de fato. Não podemos deixar que vieses de gênero, raça ou qualquer outro aspecto interfiram na oportunidade de conhecer e entender o que cada pessoa pode agregar ao time. A diferença essencial não está no gênero do líder e, sim, na diversidade do time.
“Acredite em você, confie na sua intuição. Invista no network e em boas mentorias, nunca se esqueça do poder da sororidade. Mantenha a coragem e a ousadia de ser quem você é. Faça suas escolhas com convicção e leve outras mulheres com você nessa jornada. Seja a líder que sempre sonhou em ter. E, mais importante, confie, você está pronta”
Andrea Bisker, CEO e fundadora Spark: off, agência de tendências
SUSTENTÁVEIS
Célia Parnes, secretária de Estado de Desenvolvimento Social de São Paulo
Juliana de Lavor Lopes, diretora de ESG, Comunicação e Compliance da Amaggi
Karen Talita Tanaka, gerente de sustentabilidade da Ambev
Karine Bueno, superintendente de sustentabilidade do Santander Brasil
Louise Barsi, economista, analista CNPI e uma das fundadoras da Ações Garantem o Futuro (AGF)
Maria Zilda Araújo e Lorian Fürstenberg, fundadoras e diretoras da Credipaz, organização de microcrédito que ajuda moradores de comunidades carentes
Mariana Vasconcelos,CEO e fundadora da Agrosmart
No muito conflituoso agronegócio brasileiro, com setores retrógados convivendo com empresas de ponta, a Agrosmart optou por um caminho claramente contemporâneo. Com a internet das coisas (IOT), a agtech fornece tecnologia para incrementar a produtividade no campo, especialmente no entendimento do regime de chuvas e de irrigação. Hoje isso parece démodé, mas definitivamente não o era em 2009, quando Mariana fundou a empresa.
CAMILA ACHUTTI, CEO e fundadora da MasterTech
Se não há sorte, mas preparação para a oportunidade, como se diz frequentemente, a oportunidade vem sorrindo para a paulistana Camila Achutti, 31 anos. Cofundadora e sócia da MasterTech, uma escola de programação – ou de pensamento computacional, como ela prefere –, Camila construiu um caminho inusitado na tecnologia, uma área profundamente masculina. Rara mulher no curso de ciências da computação da USP, ela iniciou um blog para dar conta exatamente disso, o fato de ser mulher nesse ambiente. Seus relatos conquistaram adeptas, que se reconheceram neles, a ponto de a autora vir a ser tratada como melhor amiga de estudantes de computação que nunca havia visto. Desde então, a oportunidade parece não ter dado descanso para ela. Depois de passar por um curto estágio como engenheira de computação na sede do Google, na Califórnia, ganhar o reputado prêmio Women of Vision, da instituição Anita Borg – prêmio que Camila jamais imaginou ser concedido para uma estrangeira –, ralar no desenvolvimento de softwares, ela então fundou a MasterTech, dando concretude a um desejo que descobriu ter desde sempre. Camila vê o domínio da tecnologia como uma ferramenta muito poderosa de transformação social, e quer que esse conhecimento chegue ao maior número de pessoas. Isso já estava na gênese da escola, em 2016, mas foi durante a pandemia que ela viu a necessidade de agir “politicamente”, abandonando o plano mais idealista para trabalhar com o aqui e agora, numa ótica meio Paulo Freire, meio Augusto Boal. Assim, além de decidir não disfarçar seu descontentamento com os rumos do país, procurou formas de aumentar exponencialmente o alcance de seus cursos. Veio então, o investimento – também em grana – no que chama de plataformas, que hoje são o cerne da MasterTech. Ela também fundou a ONG Somas, que tem como um de seus projetos atuais capacitar menores internos da Fundação Casa, ajudando-os efetivamente a desempenhar um papel na sociedade. Camila reconhece que a escrita de linhas de código vem ficando cada vez mais acessível, mas acha que a arquitetura de programação permanecerá bastante exigente. E aí ter intimidade com o tal pensamento computacional faz toda a diferença. “É como dominar, pensando no passado, a lógica, a retórica e a gramática, mas agora em ambientes digitais”, diz. “Quero ajudar a criar as bases para um pensamento crítico, em que seja possível reconhecer as entradas – os fatos –, encontrar as relações de causa e efeito, isso tudo num ambiente de maior complexidade e de muito mais velocidade nas decisões.”
MARCELLA COELHO, head de impacto social da XP
A pandemia ajudou a XP a aumentar gradativamente seus compromissos de equidade e inclusão. Depois de lançar fundos com foco em liderança feminina, a corretora se voltou para si mesma. Há cerca de um ano tem ainda uma executiva de impacto social. Marcella Coelho, que passou por Greenpeace e União Amazônia Viva, tem o objetivo de levar educação financeira ao maior número possível de pessoas. A meta não é abstrata – é, na verdade, impressionante: quer impactar 25% da população brasileira.
LAURA CARVALHO, economista e professora
A economista e professora da Faculdade de Economia e Administração da USP precisou de uma pandemia, e a consequente restrição da atividade econômica global, para ver suas teses sobre desigualdade serem acolhidas pelo mainstream do liberalismo econômico brasileiro. A também autora do livro Valsa Brasileira tem uma hipótese que deveria ser apreciada sem mais aquela num país com tamanha discrepância social: o estado de bem-estar social vem primeiro.
IANA CHAN, CEO e fundadora da PrograMaria
Formada em jornalismo, a fundadora da PrograMaria viu que não era exatamente na imprensa que estava a sustentabilidade econômica que qualquer pessoa equilibrada almeja. Ao passar a trabalhar numa aceleradora de startups, a filha de chineses viu o déficit de equidade na área de tecnologia, e decidiu fazer algo a respeito. Sua PrograMaria, que começou oferecendo expertise para montagem de sites, hoje é contratada por empresas para treinar mulheres para vagas de TI, raro setor do Brasil em que se admite mais do que se demite.
“Compartilhem mais a experiência e o conhecimento de vocês… sem dúvida têm muito a ensinar. Obrigada por nos representar com tanta maestria”
Soraya Corona, presidente do Conselho de Administração na Smart FitMIDIÁTICAS
Bia Aydar, presidente da Semparar Comunicações
Elisabetta Zenatti, diretora de conteúdo da Netflix no Brasil
Fatima Pissarra, sócia da Mynd
Kiki Moretti, CEO do grupo In Press
Lucia Cucci, diretora de Mídia TracyLocke
Maristela Mafei, jornalista e fundadora do Grupo Máquina
Samantha Almeida, executiva da Globo
JOANITA MAESTRI KAROLESKI, presidente do Fundo JBS pela Amazônia
Depois de uma atuação marcante na pandemia, envolvida com a construção de hospitais e doação de ventiladores pulmonares, a executiva pôde se voltar agora com mais vigor para a Amazônia, região que convive com recordes de desmatamento. O fundo, que prevê a possibilidade de chegar a R$ 1 bi até 2030, tem a JBS como maior participante.
SUE ANN COSTA CLEMENS, pesquisadora
Tendo deixado o Brasil para escalar a carreira acadêmica – e na Itália, por exemplo, iniciar o primeiro programa de mestrado mundial em vacinologia –, Sue Ann voltou ao país para liderar por aqui a mais auspiciosa parceria internacional no combate à Covid-19, o consórcio Oxford-Fiocruz-AstraZeneca. Ela coordenou os seis centros de ensaios clínicos do Brasil, fundamentais no desenvolvimento de um dos imunizantes mais usados no mundo no combate à pandemia. O Brasil colhe os frutos, não só pela ampla cobertura vacinal, como na chegada de uma unidade da decana universidade britânica ao Rio
SONIA GUIMARÃES, física
Muito se fala do pioneirismo de mulheres na área de TI, mas o buraco era mais embaixo quando a paulista Sonia Guimarães foi convidada a dar aulas no Instituto Tecnológico de Aeronáutica, o ITA, nos anos 1990. A instituição simplesmente não aceitava alunas mulheres e certamente tinha pouca afinidade com professoras – ainda mais professoras negras. Formada em escolas públicas e daí em física na Universidade Federal de São Carlos, tornou-se a primeira negra brasileira com doutorado na disciplina (mais especificamente: materiais eletrônicos na Universidade de Manchester). Hoje, além de participar de ações de inclusão e diversidade, ela é mantenedora da Universidade Zumbi dos Palmares.
Carmita Abdo, psiquiatra e sexóloga
O currículo lattes da psiquiatra Carmita Abdo, professora de psiquiatria da USP e fundadora do Programa de Estudos em Sexualidade desse departamento, não é propriamente sucinto. Vale pinçar dali que Carmita coordenou “amplo estudo nacional sobre envelhecimento, saúde geral e dificuldades sexuais” e também a pesquisa Mosaico Brasil, que buscou entender o “comportamento afetivo-sexual do brasileiro”. Com essa base formidável de dados, Carmita segue a construir um conhecimento riquíssimo, que tem tudo para orientar decisões de impacto massivo.
“Meu conselho para novas líderes é que elas vivenciem, de forma genuína e autêntica, os seus valores. Procurem ser líderes inspiradoras, capazes de levar suas equipes além do que imaginam poder ir. Ter persistência, disciplina e trabalhar de forma colaborativa são atitudes que sempre me ajudaram muito. Também é imprescindível buscar aprender constantemente. Para tanto, é muito importante praticar a escuta ativa, ter humildade e curiosidade”
Gabriela Baumgart, membro do conselho do IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa)
INCLUSIVAS
Camila Bombonato, gerente de diversidade e inclusão do Twitter
Carolina Sierra, líder do setor de cultura organizacional e diversidade da Vivo
Daniela Sagaz, head de diversidade, equidade e inclusão da Mondelez
Elineide de Castro, gerente de RH e head de diversidade da Mercedes-Benz
Esabela Cruz, head de diversidade e inclusão do Mercado Livre
Flavia Ramos, responsável por Gestão de Talentos, Gestão de Mudanças, Inclusão e Diversidade da Bayer
Helen Andrade, gerente de diversidade e inclusão da Nestlé
Jackeline Busnello, gerente de diversidade e inclusão do Bradesco
Jandaraci Araújo, cofundadora do Conselheira 101 e CFO da 99jobs
Karina Chaves, gerente de diversidade e inclusão da Basf
Leila Luz, gerente de diversidade e inclusão da Coca-Cola Liliane rocha, CEO da Gestão Kairós
Lorenna Oliveira, supervisora de diversidade, inclusão e responsabilidade social para a América Latina da Electrolux
Michele Salles Villa Franca, gerente de diversidade, inclusão e saúde mental da Ambev
Renata Dourado, head de diversidade e inclusão da L’Oréal
MARTA DIEZ, presidente da Pfizer no Brasil
Antes mesmo de se tornar a farmacêutica mais falada do Brasil e colocar à disposição do país carga de vacinas contra a Covid-19 que acelerou a campanha de imunização, a Pfizer viu ascender à presidência brasileira a espanhola Marta Diez, primeira mulher a dirigir os negócios da companhia por aqui. A chegada de Marta se deu antes da ida de Carlos Murillo, presidente da Pfizer na América Latina, a uma das sessões mais reveladoras da CPI da Covid, em maio passado.
ESTER SABINO, imunologista e pesquisadora
A ex-diretora do Instituto de Medicina Tropical da USP, que ajudou a liderar o sequenciamento do genoma do zika vírus, teve papel protagonista na identificação da variante gama do SARS-CoV-2. Foi liderando equipes multidisciplinares que ela se destacou na descoberta de soluções vitais para a interrupção de endemias – e pandemias – no Brasil. A importância da pesquisadora é reconhecida pelo prêmio que leva seu nome, criado pelo governo de São Paulo em 2021, que valoriza mulheres cientistas paulistas.
ARTÍSTICAS
Ana Elisa Egreja, artista plástica
Beatriz Milhazes, artista plástica
Cleissa Regina Martins, primeira roteirista negra a ter um projeto autoral na TV Globo, ganhou um Leão de Ouro pela produção Juntos a Magia Acontece
Fernanda Montenegro, atriz e membro da ABL
Ingrid Silva, primeira bailarina do Dance Theatre of Harlem, em Nova York
Maria Bethânia, cantora
ANA PAULA VESCOVI, economista-chefe do Santander
Ex-secretária do Tesouro Nacional, ex-secretária executiva do Ministério da Fazenda e hoje economista-chefe do Santander, a economista passou 25 anos na máquina pública, acumulando conhecimento que deve ser bastante útil para o banco espanhol. No estado, suas teses, outrora dogmáticas, hoje são bem mais polêmicas – ela foi responsável pelos planos recentes de desinvestimento público do governo capixaba de Paulo Hartung no começo dos anos 2010. A economista vê com muita preocupação a implosão do teto de gastos e as altas sucessivas dos juros, processo que ela considera “concentrador de renda, injusto, incerto e desigual”
ALICE COUTINHO, cofundadora da NewNetwork
Em comunicação, pode-se dizer que o grupo Mulheres do Brasil está em boas mãos: Alice, que vendeu para o Grupo ABC (e depois para o Omnicom) sua New Style, agência de marketing promocional premiada, é quem lidera esse comitê na entidade. Atualmente é sócia da NewNetwork, focada em startups.
“Liderar pessoas e empresas é manter-se serena e firme diante do imprevisto, sabendo discernir o urgente do importante na pilha de tarefas que chegam sem avisar. É também ter a habilidade de interpretar os sentimentos dos outros e encontrar, para cada um deles, a palavra e o gesto corretos”
Daniela Graicar, fundadora e CEO da agência Pros e criadora do Movimento Aladas, em apoio ao empreendedorismo feminino
FINANCEIRAS
Carol Sandler, fundadora da plataforma Finanças Femininas
Carol Paiffer, presidente da Atom, empresa de educação financeira
Carolina Cavenaghi, fundadora da Fin4she
Cassiana Fernandez, economista-chefe do J.P. Morgan no Brasil
Ilana Bobrow, sócia-fundadora e executiva da Vitreo, empresa do mercado financeiro
Leda Paulani, professora titular da Faculdade de Economia da USP
Monica de Bolle, economista e professora da Universidade Johns Hopkins
Nathalia Arcuri, fundadora da plataforma de educação financeira Me Poupe!
Nathália Rodrigues, a Nath Finanças, youtuber e orientadora financeira
Patricia Ellen, secretária de Desenvolvimento Econômico do Estado de SP Renata Mancini Lopes, presidente da ABCripto (Associação Brasileira de Criptoeconomia)
Zeina Latif, economista e consultora na Gibraltar
LISIANE LEMOS, gerente de diversidade, equidade e inclusão de recrutamenteo no Google para América Latina
São diversas as atribuições que integram o currículo da executiva gaúcha Lisiane Lemos, 32 anos, exposto em sua conta no LinkedIn. Além do cargo atual de líder de recrutamento de diversidade e inclusão do Google para sete países da América Latina, ela é LinkedIn “Top Voices”, palestrante do TEDx, professora de MBA e cofundadora do Conselheira 101, organização que tem por finalidade capacitar profissionais negras para ocupar cadeiras de conselhos de empresas. Há mais, e a impressão que se tem é que ela pode continuar acumulando cargos – e encargos. Embora tenha se tornado uma das principais, quem sabe a principal, dentre as vozes negras do ambiente corporativo, Lisiane não chegou ao Google para ocupar a cadeira em que hoje está. Tendo passado antes pela Microsoft, ela atuou algum tempo em aquisições de novos negócios, função que dá para traduzir precariamente por “vendas”. A figura do profissional responsável por injetar diversidade e inclusão no Google já existia em outros mercados, mas não por aqui. Mais uma vez, o nome da função parece não dar conta do tamanho do trabalho, já que Lisiane sabe que a missão só começa com o recrutamento. É preciso cuidar para desenhar planos de carreira sustentáveis para reter os talentos negros e indígenas que chegam. “Uma vaga nunca é só uma vaga, existe um antes, um durante, um depois, é preciso garantir que a pessoa vai ser bem-sucedida, terá uma remuneração alinhada com a do mercado”. Para ela, um dos “magic moments” de sua carreira foi justamente cumprindo essa missão, no fim de 2021, quando colocou no ar um banco de talentos negros – e de PCDs – para vagas, por exemplo, em engenharia. Havia por aqui apenas um programa de estágio com esse viés. No Google, uma das empresas de maior valor de mercado do mundo e que é modelo de gestão de trabalho para tantas companhias, ela sabe que a repercussão do seu trabalho é imenso, por isso fez questão de estudar a fundo questões legais e históricas envolvendo as minorias nos países de sua abrangência. Assim como Dilma Campos, Lisiane também contou em apresentação no TEDx como a experiência do racismo estrutural marcou sua vida e como desse amargo limão – ou coisa muito pior – vem fazendo muita limonada. Não ter sido convidada, junto com a outra amiguinha parda, para uma festa de uma colega de classe no McDonald’s com direito ao McLanche Feliz, pode ter sido o ano zero de sua trajetória modelar.
HELENA BERTHO, head global de D&I do Nubank
Antes de assumir como head global de D&I do Nubank, no fim do ano passado, Helena Bertho já havia deixado seu legado em multinacionais como L’Oréal e Coca-Cola. Sua expertise em comunicação, gestão de marca e sustentabilidade a preparou para atuar na área de diversidade e inclusão que, segundo ela, “sempre foi sobre inovação, relevância e impacto”. A executiva se consagrou como referência no mundo corporativo, reforçando seu papel pessoal e profissional, que lhe rendeu o prêmio Sim à Igualdade Racial 2021, promovido pelo Instituto Identidades do Brasil.
“Uma boa líder é como um maestro para a orquestra. Precisa conhecer e buscar o melhor de cada um. Porque toda boa música é feita da somatória de sons diferentes e complementares. Assim também funciona uma boa equipe”
Bel Humberg, vp do conselho de administração do Grupo Malwee e cofundadora da plataforma OQVestir
FILOSÓFICAS
Adélia Prado, poeta, filósofa e romancista
Djamila Ribeiro, filósofa
Elaine Ramos e Gisela Gasparian, sóciasfundadoras da Ubu Editora
Guita Grin Debert, antropóloga
Jaqueline Conceição, antropóloga
Jarid Arraes, escritora, cordelista e poeta
Lygia Fagundes Telles, escritora
Mary Del Priore, historiadora Maria Homem, ensaísta e psicanalista
Martha Medeiros, escritora
Nélida Piñon, escritora e membro da ABL
Scarlett Zerbetto Marton, filósofa
Sueli Carneiro, filósofa e ativista
Tati Bernardi, escritora
Vera Iaconelli, psicanalista, mestre e doutora em psicologia pela Universidade de São Paulo
KIM FARRELL, head de marketing do TikTok América Latina
A estadunidense de Boston comanda de São Paulo o marketing do TikTok na América Latina – o Brasil é um dos grandes mercados do app chinês. Os vídeos coreografados próprios do aplicativo não apenas “causaram”, como exigiram que o mercado de alguma forma se adaptasse ao formato – e sessões de live marketing passaram, por exemplo, a ter grande relevância. Tendo trabalhado também no Booking e no Google, ela vê o TikTok como “epicentro” da criatividade, como disse à revista Propaganda & Marketing, e isso coloca pressão no próprio trabalho e na formação de uma equipe antenadíssima.
CRISTINA JUNQUEIRA, cofundadora e CEO do Nubank
Cristina está no Top 10 do ranking de líderes corporativos da Merco, tendo escalado 64 posições em 2021. Com 2,9% de participação do Nubank, a empresária foi por poucos dias rara bilionária brasileira, logo após o IPO do banco digital em Nova York, no fim do ano passado. É engenheira com graduação e mestrado pela Poli-USP e MBA pela Northwestern University. Começou a carreira em consultoria estratégica e trabalhou em bancos tradicionais antes de fundar o Nubank em 2013. No mês passado, foi eleita a segunda mulher mais importante do mundo no universo das fintechs pela revista britânica FinTech Magazine.
3 PERGUNTAS PARA NINA SILVA, CEO e uma das fundadoras do Movimento Black Money e da fintech D’Black Bank. Eleita a Mulher Mais Disruptiva do Mundo pelo Global Women In Tech Awards 2021.
Qual o seu propósito como empresária?
Promover oportunidades de acessos com equidade a grupos minorizados, com priorização à comunidade negra no Brasil. Racismo estrutural é a base edificante das desigualdades sociais em nosso país e será no desmantelamento do sistema que toda a sociedade se beneficiará com a real autonomia da população negra majoritária em números populacionais.
Sua maior conquista?
Foi ter construído um hub inovador para autonomia de uma maioria que beneficia toda a sociedade. Há quatro anos fundei o Movimento Black Money, junto com meu sócio Alan Soares, para apoiar empreendedores pretos e pretas em seus negócios com objetivo de buscar a autonomia dessa população no Brasil. Entre as nossas principais iniciativas estão o Mercado Black Money, um marketplace para conectar consumidores a pequenos negócios – são mais de 1.800 lojistas pretos – que fez circular mais de R$ 300 mil em 2020, no primeiro ano do projeto; o Impactando Vidas Pretas, que capta doações financeiras com instituições privadas, editais e pessoas físicas para ajudar famílias lideradas por mães solos e afroempreendedores que foram desassistidos durante a pandemia; o Black Vagas, que apoia grandes empresas na jornada de enegrecimento de suas ações internas e eternas; e o Afreektech, que tem o objetivo de trazer o futuro para junto da comunidade negra, democratizando o ensino de tecnologias e mídias para empreendedoras, jovens e meninas negras, já tendo impactado mais de 5 mil pessoas.
Uma marca que define a sua trajetória empreendedora? Ubuntu [conceito de origem africana]. Eu sou porque você é. Não existe vitória individual sem impacto coletivo.
NATHÁLIA CAVALIERI, general manager da Hotmart
Unicórnio brasileiro da leva de 2021, a Hotmart começou como plataforma para venda de e-books e cursos on-line. Dez anos se passaram, e o negócio evoluiu para solução de tecnologia para os mais diversos produtos. Tendo entrado como analista de marketing, a mineira Nathália ascendeu para general manager, cargo vital na construção de cultura corporativa de uma empresa que multiplicou por 13, em curtíssimo tempo, seu quadro de colaboradores.
Adriana Varejão, artista plástica
A artista carioca se tornou um dos principais nomes da arte contemporânea brasileira, abrindo mercado internacional para suas obras de enorme dramatismo como os azulejos da série Carnívoras. Atualmente está em cartaz na Pinacoteca de São Paulo em grande retrospectiva com mais de 60 obras que abrangem quatro décadas de produção.
DORA CAVALCANTI, advogada, fundadora do Innocence Project Brasil
A criminalista, que é conselheira nata do Instituto de Defesa do Direito de Defesa, foi sócia do escritório de advocacia do ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos e trouxe para o Brasil o Innocence Project, cuja finalidade é libertar pessoas condenadas injustamente. Ela também concorreu à presidência da OAB paulista. A derrota, nada amarga por ter sido para uma colega mulher, não tira o foco de Dora, que, como diz em seu LinkedIn, “se preocupa em fortalecer a presença feminina na advocacia criminal”.
MARIA ANGELA DE JESUS, diretora sênior de produção da VIS
Américas Depois de 21 anos na HBO e três na Netflix, tendo deixado algumas das produções brasileiras mais importantes desses players por aqui – de Mandrake e PSI a Bom Dia, Verônica –, a executiva assumiu a direção de produção da VIS Américas (braço da ViacomCBS para a América Latina). Espere grande movimentação dos canais do conglomerado como Comedy Central, Nickelodeon, MTV, além do Porta dos Fundos, de quem a Viacom é sócia majoritária.
ANITTA, cantora
A carioca foi destruindo muros com sua gigantesca ambição e talento. Em março, se tornou a primeira artista brasileira a ter uma música no topo do pódio global do Spotify. Sua carreira internacional explodiu a partir de uma estratégia matadora, ao fazer parcerias estratégicas com outros cantores e gravar em espanhol e inglês. Mas o pop não é capaz de comportá-la: num raríssimo movimento, ela se tornou a própria empresária e agente, além de passar a ocupar uma cadeira no conselho do Nubank, construindo pontes entre o banco digital e enorme mercado potencial de clientes.
“Me sinto ‘dona da rua’ quando percebo que existem mulheres e meninas que se inspiram em mim, mas também quando me inspiro em outras mulheres incríveis. Acredito muito na frase: ‘Quando uma mulher sobe, puxa as outras!’” Mônica Sousa, diretora-executiva na Mauricio de Sousa Produções
JUSTAS
Flavia Rahal, advogada e presidente do conselho do Instituto de Defesa do Direito de Defesa (IDDD)
Laurita Vaz, ministra do Superior Tribunal de Justiça
Gabriela Manssur, promotora de Justiça do Estado de São Paulo
Joênia Wapichana, primeira mulher indígena a se formar em Direito no Brasil, coordenadora do departamento jurídico do Conselho Indígena de Roraima (CIR)
Maria Cristina Peduzzi, presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST)
Renata Mei Hsu Guimarães, advogada do Direito de Família e Sucessões
Rosa Weber, ministra do STF
Samara Pataxó, advogada indígena que luta contra o marco temporal no STF
Vercilene Francisco Dias, coordenadora do departamento jurídico da Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos
RUMO AO TOPO
5 dicas de Fatima Zorzato, headhunter, fundadora da INWI Consulting e autora de O Que Faz a Diferença (ed. Cia. das Letras)
☑Tenha coragem para arriscar, para tentar mesmo quando não tenha certeza. É isso que vai te levar mais longe. Se tiver com medo, pare e converse com alguém. Falar vai te fazer mais leve e enxergar melhor.
☑Tenha mentores. Pode ser chefe, pode ser um(a) amigo(a), pode ser alguém que você olhe como espelho e mire o exemplo, mas tenha “modelos para seguir”.
☑Desenvolva a escuta ativa. Isso que vai levar mais longe, desenvolver empatia e sensibilidade para entender melhor a dinâmica dos grupos.
☑Ajuste a lente de percepção: desenvolva soft skills com a mesma preocupação que você busca conhecimento técnico e setorial, com o mesmo interesse que desenvolve visão e lado estratégico.
☑Busque todas as formas possíveis para ter feedback sobre o que são seus pontos fortes e gaps. Self-awareness faz diferença na vida na hora de traçar plano de desenvolvimento.