Corretora da família de Luiz Fernando Furlan e de Nelson Spinelli tem R$ 16 bilhões em ativos sob custódia
Por Paulo Vieira
“Quem tá comprando mais: BTG ou o FED (o Banco Central norte-americano)?”, perguntou há pouco num tuíte o irônico perfil Faria Lima Elevator, um dos mais conhecidos do “Condado da Faria Lima”, o principal centro financeiro brasileiro.
Após seis meses de negociação, o banco de André Esteves anunciou ontem mais uma transação, a compra de 100% da muito jovem corretora Necton, por R$ 348 milhões. A aquisição, anunciada na revista Exame, de propriedade do BTG, “reforça a musculatura da BTG Digital”, nas palavras da house organ da casa. O “digital” é a divisão para o investidor de varejo da BTG.
A Necton conta com cerca de 40 mil clientes e mais de R$ 16 bilhões em ativos sob custódia e está no mercado há dois anos, quando fundiram-se as corretoras Spinelli e a Concórdia, a última de Luiz Fernando Furlan, ex-ministro do Desenvolvimento do governo Lula e da família que era dona da antiga Sadia. O nome Concórdia tributa a cidade no oeste de Santa Catarina em que o frigorífico se estabeleceu.
O BTG, tal como outras empresas do setor financeiro como a XP, vem atuando agressivamente na tentativa de trazer para o “sistema” um público mais jovem, que se se viu refém de uma instituição que pudesse oferecer ganhos atraentes para o seu dinheiro, dado o momento inédito de juros baixos do Brasil.
Em nota oficial, a Necton disse que “continuará atuando livremente no mercado, gerida de forma autônoma por seus executivos, Marcos Maluf (CEO) e Rafael Giovani e Ralf Berger”.
“A transação mostra que o BTG reconhece a relevância do projeto da Necton, que segue sua construção transformadora do mercado de varejo.”
Fonte da executiva da Necton disse a PODER Online que “a base de tudo é o conceito de marca e gestão independente”, e isso segue “firme e forte” com a venda para o BTG.
Um dos trunfos da Netcon é seu economista-chefe, André Perfeito, bastante ativo nas redes sociais e na mídia, que declarou voto para presidente em Ciro Gomes e já disse a PODER que as pessoas por trás das fintechs do Brasil “são um bando de wannabe”.
“Vendem a imagem de serem disruptivos, mas só estão operando spread [refere-se à diferença entre o preço de compra e venda de uma ação, título ou transação monetária]”, disse, em entrevista para a seção Almoço de PODER.