Em 2018, algumas homílias e sermões em igrejas pelo Brasil invocavam um certo perigo vermelho para sugerir, com alguma ou nenhuma dissimulação, o voto no candidato que gostava de armas.
Nada que surpreenda. O Brasil, um país laico, tem costumes dignos de teocracias, como manter crucifixos em salas de prédios públicos, algumas dessas salas com enorme carga simbólica – caso do plenário do STF e dos salões Verde, da Câmara, e Azul, do Senado. Sem contar o saguão principal do palácio do Planalto.
Expressar que quer um ministro do STF “terrivelmente evangélico”, dando mais importância à religião do candidato do que seu notório saber jurídico, mostra que Jair Bolsonaro está seguro de que “Deus acima de todos” é mais do que uma frase de campanha.
Tudo isso para dizer que em homília da missa deste domingo (13) dia de santo Antônio, em igreja do Plano Piloto, o bispo auxiliar da capital, Dom Marcony, reforçou a necessidade de os fiéis usarem máscaras e cumprirem normas de distanciamento.
“A Covid não é invenção, não podemos brincar. Ouçam quem entende do assunto, médicos e cientistas”, disse o sacerdote, pedindo ainda que os fiéis seguissem “bons exemplos”.
Uma procissão de motocicletas talvez estivesse passando por perto naquele momento.