Uma mesa redonda sobre o tema Equidade em Ação: Acelerando Abordagens Inclusivas para Reduzir o Risco de Desastres foi parte da programação do encontro do Grupo de Trabalho de Redução do Risco de Desastres (GTRRD) do G20, que ocorreu entre os dias 30 de outubro e 1º de novembro. A reunião foi coordenada pelo Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR) com apoio do Ministério das Cidades, em Belém (PA), e contou com a presença de autoridades de diversos países para debater os desafios climáticos e sociais globais.
O secretário Nacional de Proteção e Defesa Civil, Wolnei Wolff, presidiu a mesa redonda, que contou com a participação do secretário Nacional de Periferias do Ministério das Cidades, Guilherme Simões. O debate foi fundamental para a reafirmar a declaração ministerial referente ao compromisso global com o tema em questão.
De acordo com Wolnei, a ideia é fomentar a discussão sobre ações inclusivas e participativas para reduzir as vulnerabilidades sociais. “Ao colocar o tema da equidade em evidência, o encontro buscou trazer diferentes perspectivas sobre os impactos das mudanças climáticas que desafiam diversas regiões do País. A participação de líderes locais e sociedade civil visa não apenas refletir, mas acelerar soluções de resiliência e proteção que sejam adaptáveis e inclusivas para todas as comunidades, em especial aquelas que enfrentam os maiores riscos”, avaliou o secretário.
O secretário Nacional de Periferias do Ministério das Cidades, Guilherme Simões, também ressaltou a importância da declaração ministerial. “É a primeira declaração sobre esse tema. É um assunto fundamental, tendo em vista que o mundo inteiro está voltado para a questão das mudanças climáticas. A declaração mostra que estamos de olho no que está acontecendo agora e, também, no futuro”, disse Simões.
O secretário ainda enfatizou a necessidade de diminuição das desigualdades regionais. “A gente sabe que quem vive em periferias são os que mais sofrem e mais são impactados pelos riscos e desastres. O Governo Federal tem apontado diretrizes para isso, com investimentos mais volumosos em prevenção de desastres e ações de respostas. É fundamental discutirmos a diminuição das desigualdades para a redução de vulnerabilidades”, acrescentou.
Inclusão e equidade
Para reforçar a inclusão e equidade que pautou o encontro do GTRRD, esteve presente na mesa de anúncio da declaração ministerial a indígena Christhiana Wira Surui, 29 anos, que conversou com a reportagem do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional. Confira a entrevista abaixo.
1. Como a declaração ministerial pode te ajudar?
Nasci em Xinguara, aqui mesmo no Pará, cidade que fica a aproximadamente 800 km de Belém. Hoje, moro na Aldeia Akamassyron, povo Aikewara Surui, e temos muitas dificuldades. De 2023 para cá, voltamos a ter voz, representatividade e diminuiu o desmatamento. Ainda estamos passando por dificuldade, mas a gente tem que ter fé. E o presidente Lula sempre foi quem batalhou pelos indígenas, então vamos sonhar novamente. Essa declaração ministerial aumenta meu otimismo. Tenho 29 anos, e mesmo nova, não sei se ainda verei um mundo mais igual como desejamos, mas sou mãe solo, tenho três filhos e sonho que eles tenham mais qualidade de vida.
2. Com relação aos desastres, como chuvas intensas ou seca severa, você pensa que a declaração ministerial pode contribuir para sua aldeia, sua comunidade?
Para começar, nossos desastres começam antes mesmo dos ambientais. Muitas vezes, nossos territórios, definidos como indígenas, eram frequentemente invadidos por quem promove o garimpo ilegal e o desmatamento para montar estabelecimentos comerciais. Quando a gente via isso sem poder fazer nada, batia uma tristeza. E por não termos equipamentos nos postos de saúde próximos da gente, água de qualidade e em quantidade, somos mais vulneráveis.
3. Participar da entrega dessa declaração renova seu otimismo para o futuro?
O presidente anterior abandonou todas as políticas públicas que envolviam indígenas e povos historicamente deixados de lado. Não sobrou uma ação. Agora, com o presidente Lula, temos o Ministério dos Povos Indígenas, que é uma representatividade enorme. Além disso, a declaração foi feita para o mundo inteiro ouvir e ver. Espero que representantes da sociedade que não seguirem o que for compartilhado sejam punidos, seja no Brasil, no Reino Unido, onde for.
Fonte: Gov.br