O presidente Lula discursou na manhã desta sexta (25) em Luanda, capital de Angola, ao lado de seu homólogo, João Manuel Lourenço. O presidente volta da Cúpula do Brics, encerrada na quinta (24), na África do Sul, visitando alguns países africanos do mundo lusófono.
Lula fez loas a Angola, a que chamou de “porta de entrada” do Brasil na África, e centrou seu discurso numa afirmação de vontade de fazer dos países do continente parte integrante do chamado “Sul Global”, que é a nova maneira de chamar as nações em desenvolvimento sob a liderança inconteste da China.
Eu vim a Angola primeiro pagar uma dívida ao presidente da Angola, pela solidariedade que teve ao nosso país durante a tentativa de golpe. Depois, para retomar nossa cooperação estratégica de longa data. Estou aqui hoje para dizer: o Brasil voltou ao continente africano. Angola é…
— Lula (@LulaOficial) August 25, 2023
Lula disse que pretende conversar com “seus amigos do FMI” para transformar a dívida de cerca de US$ 800 bi dos países africanos em investimentos de infraestrutura. “Todos os economistas falam que tem trilhões de dólares atravessando de país pra país. Por que não dá uma paradinha aqui?”, brincou, sob aplausos.
Novamente, aproveitou para citar os gastos mundiais em armas – US$ 2,24 tri, segundo ele – e a possibilidade de converter esses recursos em investimentos, alimentos, saúde.
Lula invocou certo lugar de fala ao dizer que o Brasil é a maior nação negra do mundo depois da Nigéria, com metade da população de origem negra. “E, portanto, nós nos consideramos africanos.”
Lula mobilizou certo aparato em sua parada em Angola, convocando alguns ministros que estavam no Brasil, como Silvio Almeida, dos Direitos Humanos. Mas há um problema em sua tentativa de se proclamar advogado da África nos foros internacionais: a China chegou muito antes com seu capital e seu planejamento estatal. Até mesmo a Rússia de Vladimir Putin, isolado com a agressão a Ucrânia, vem aumentando o diálogo com os líderes do continente.
Conforme publicou a Agência Brasil, mantida pelo governo federal, o Brasil tem parcerias estratégicas na África apenas com Angola e África do Sul. Em Angola, são sete projetos de cooperação em execução.