O deputado federal André Janones (Avante-MG) começou a semana arara com a realpolitik. Ser situação, como estão vendo cristalinamente também as ministras Marina Silva (Meio Ambiente) e Sônia Guajajara (Povos Indígenas) tem um ônus gigante, especialmente diante de um Congresso megaconservador e um presidente da Câmara Federal vitaminado.
Louco para ser indicado por seus correligionários para figurar na CPMI do 8 de janeiro, Janones teve de engolir um veto.
Mas o fez com direito a textão no Twitter na terça (23), e apesar de voltar business as usual ao jogo já no dia seguinte, o tuíte seguia intacto em sua conta até a redação desta postagem, na sexta (26).
Disse Janones:
“O movimento para me deixar fora da CPMI repete o mesmo erro que levou Bolsonaro ao poder: o elitismo e preconceito que faz com que a esquerda, corriqueiramente, ignore a voz que vem das redes. Infelizmente, parece que alguns ainda não entenderam que a “voz das redes” de hoje em dia, é o que chamávamos de “voz das ruas” nos anos 90, ou seja: o povo! A sensação de pertencimento que o bolsonarismo deu a essa pessoas gerou um efeito comparável ao que o bolsa família também proporcionou: a sensação de não serem mais invisíveis.”
O argumento recupera uma comparação muito usada pelo deputado durante a campanha eleitoral, em que foi fundamental para dinamitar a estratégia de difamação e criação de fatos inverídicos e constrangedores, usada à farta pelos bolsonaristas. A de que o Facebook é novo “chão de fábrica”.
Dois dias depois, na quinta (25), o deputado voltou ao Twitter para escrever:
Minha participação na CPMI foi vetada por quem realmente manda no nosso país: o centrão. Mas isso já é página virada, agora vou me desdobrar pra ajudar meus colegas que lá estão!
A defesa da democracia e do governo do nosso presidente Lula está acima de tudo isso! Bora pra cima… pic.twitter.com/g1xsKVtZYs
— André Janones (@AndreJanonesAdv) May 25, 2023
Abaixo, uma foto dele, sempre sorridente, com o presidente Lula.
A última edição da revista PODER trouxe um perfil de André Janones. Você pode lê-lo na íntegra aqui. Vai antes, de toda forma, um teaser, o depoimento do cientista político Felipe Nunes, do instituto Quaest, especializado em medição de popularidade digital, sobre o trabalho de Janones na campanha de 2022:
“Seu papel foi dar trabalho para o adversário, deixá-lo acuado e temeroso. Deu tão certo que até o ministro das Comunicações, Fábio Faria, tentou trazê-lo para sua órbita, desviando-o de Bolsonaro. Janones foi para Lula, de certa forma, o que Carlos Bolsonaro é para o pai, o comandante da tropa digital. Ocupou um vácuo, já que Lula não tinha essa figura. Ele intimidou o adversário e animou a tropa lulista.”