O Brasil anda bem servido de porta-vozes na campanha ora em curso de demolição do teto de gastos. Mesmo assim, o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin, achou por bem também atirar no instrumento de responsabilidade fiscal que cria dificuldades oficiais para a expansão do débito federal.
O ex-governador paulista disse, em entrevista à CNN Brasil veiculada nesta sexta (18), que “embora a intenção seja boa, o teto de gastos, do jeito que está hoje, é mais problema do que solução. Tanto que não foi cumprido ano nenhum”. Ironicamente, o teto foi uma das heranças de Henrique Meirelles quando ministro da Fazenda da presidência Michel Temer – e Meirelles, que apoiou Lula nesta campanha, é um dos nomes especulados para o futuro governo Lula 3.
O teto foi bombardeado nos anos Jair Bolsonaro, que conseguiu aprovar no Congresso diversas PECs (Proposta de Emenda Constitucional) que aumentaram o déficit público em nome de estados de emergência.
O tema se inscreve na discussão levada a cabo por Lula – e que vem repercutindo pessimamente entre os agentes financeiros – de que a responsabilidade fiscal deve se subordinar ao que ele chama de responsabilidade social.
Alckmin vem contemporizando o discurso do líder: “O governo do presidente Lula tem responsabilidade fiscal, já foi governo e, durante oito anos, teve superávit primário. É claro que pegou numa situação melhor, mas a dívida que era 60% do PIB foi reduzida para 40% do PIB”, disse à CNN.