Entrevistado pela revista estadunidense Time, o presidente do Chile, Gabriel Boric, fez alguns comentários sobre o Brasil, Jair Bolsonaro e a “deriva” autoritária de líderes de esquerda latino-americanos.
Boric, que enfrenta dificuldades em seus primeiros meses de governo e é objeto de índices de popularidade declinantes, ainda posicionou-se firmemente sobre as eleições brasileiras de outubro. “Se houver uma tentativa, como aconteceu, por exemplo, com a Bolívia em 2020, em que se acusou de fraude que não foi, e um golpe de estado foi validado, a América Latina tem que reagir em conjunto para colaborar na prevenção [do golpe].”
Sobre a “esquerda autoritária”, não se escorou nas meias-palavras. “Quando a defesa dos direitos humanos é parcial, perde legitimidade. Sou muito crítico das derivas autoritárias da esquerda da região, e isso me custou muitas críticas no meu setor político. Às vezes no meu setor não há muita vontade de criticar o seu. E acho que isso é um erro.”
O presidente chileno, como se sabe, foi citado sem mais aquela por Bolsonaro no debate de domingo (28). O brasileiro disse que seu homólogo chileno “botava fogo no metrô”. A chancelaria chilena fez, em resposta, o ato diplomático esperado, chamando o embaixador brasileiro no país para prestar esclarecimentos.