Sem dinheiro, Uchôa abandona candidatura e põe mais lenha no fogo que queima a esquerda do Rio

Alessandro Molon, Marcos Uchôa e Marcelo Freixo || Crédito: Luis Macedo/Câmara dos Deputados/Reprodução TV Globo/ Paulo Sergio/Câmara dos Deputados

Ex-jornalista da rede Globo filiou-se ao PSB para ajudar na campanha de Marcelo Freixo, mas não viu a cor da verba prometida; renúncia fez Alessandro Molon se manifestar

Assim como o mineiro só é solidário no câncer, na famosa frase de Nelson Rodrigues atribuída ao amigo mineiro Otto Lara Resende, a esquerda só se une perante o descalabro. Bem, nem sempre.

Depois de mais de três décadas na rede Globo, tendo participado de coberturas televisivas de Copas do Mundo e guerras, o jornalista Marcos Uchôa achou que poderia contribuir para o país atuando na política institucional.

Carioca, morador do estado do Rio e com simpatia pelas ideias de Marcelo Freixo, candidato do PSB ao governo fluminense, filiou-se também ao PSB e, candidato ele mesmo a deputado federal, iniciou um périplo por cidades do estado e por bairros da capital. Muitas dessas incursões alimentaram, em vídeo, as redes sociais de Uchôa.

Na terça (30), contudo, Uchôa fez cavalo de pau e desistiu da candidatura. Num vídeo em que procurou ser didático sobre os muitos custos de uma campanha, disse basicamente que o PSB fluminense, por meio de seu presidente, o deputado federal e candidato a senador Alessandro Molon, não cumpriu com o prometido. Não apenas não forneceu o dinheiro, como recusou-se sistematicamente, segundo Uchoa, a dar uma “informação básica”: quando e com quanto dinheiro o ex-repórter da Globo poderia contar.

O vídeo repercutiu e Molon distribuiu nota ato contínuo dizendo que a decisão sobre o financiamento das campanhas só havia saído na véspera, e que um repasse de R$ 4 milhões havia sido feito no dia 25.

Tudo o que o PSB do Rio não precisa é de confusão neste momento. Já bastavam as dificuldades do próprio Molon em manter sua candidatura . O PT, que está unido aos socialistas em torno de Freixo, esperava reciprocidade no apoio a  André Ceciliano como candidato único ao Senado dos dois partidos. Não rolou, por insistência de Molon, que, como represália do PT, ficou sem verba para sua campanha.

De toda forma, Molon ainda conta com apoio de artistas de porte de Caetano Veloso, que fará show com renda revertida para a campanha no próximo dia 5, no Circo Voador, no Rio.

Como notícia ruim vem a cavalo, na última rodada do Ipec, o atual governador Cláudio Castro (PL) aumentou de 4% para 7% sua vantagem sobre Freixo. Ao menos a perspectiva de derrota em primeiro turno (ainda) não está no radar.