Atolado nas pesquisas eleitorais, que o registram com a mesma popularidade de um deputado federal rookie que nem sequer oficializou sua pré-candidatura, e objeto de conspiração aberta de correligionários, o governador paulista João Doria tenta manter sua ambição presidencial buscando virar a agenda negativa a mês e meio de sua esperada desincompatibilização do Bandeirantes.
Nesta quinta (10), ele voltou a assumir o “mic” e novamente pagou de MC em coletiva de imprensa excepcional, já que os encontros desse tipo se concentram às quartas-feiras. Apenas quatro jornalistas, todos de emissoras de TV aberta, foram convocados ao “set” para fazer figuração.
Doria fez há pouco o que no futebol talvez equivalesse a um técnico que, aos 35 do segundo tempo, troca beques por centroavantes. Para tentar reverter o placar adverso, anunciou um aumento expressivo para as carreiras policiais e de saúde da ordem de 20%; para os demais servidores, o reajuste ficou em 10%.
O impacto nas burras públicas estaduais, da ordem de R$ 6 bi anuais, como disse o vice-governador, Rodrigo Garcia, que teve igualmente protagonismo no anúncio, não compromete princípios de responsabilidade fiscal, sempre apontados pelo PSDB de São Paulo como uma conquista histórica do partido.
Ter mirado nas carreiras policiais e de segurança é claramente um esforço em se consolidar em área em que Doria encontra enorme rejeição. É onde Bolsonaro nada de braçada.
As medidas precisam ainda ser enviadas à assembleia legislativa paulista e aprovadas naquela Casa. Não parece ser um problema, dada a maioria mais ou menos segura que Doria mantém ali e da dificuldade que é para qualquer parlamentar votar contra aumentos de servidores públicos.