Uma ‘villa’ do século XVI cheia de história, fincada no coração de Roma, pode se tornar o imóvel mais caro vendido até hoje no mundo. Conhecida como Villa Aurora, a propriedade foi disponibilizada essa semana em leilão com um lance inicial de centenas de milhões de dólares, mas não conseguiu nenhum licitante. Atrativos não faltam à casa que abriga, entre outras obras de arte, o único mural de teto pintado pelo mestre italiano Caravaggio. Avaliado em 471 milhões de euros (535 milhões de dólares), o palácio de 40 quartos pertence à princesa Rita Boncompagni Ludovisi, e há séculos dá guarida a uma das famílias mais ilustres de Itália.
A atual moradora, que passou as últimas duas décadas restaurando a propriedade, nasceu no Texas e tem um currículo extenso: foi atriz, jornalista e agente imobiliária, escreveu três livros e posou duas vezes para a Playboy. Encontrou o amor ao lado do príncipe Nicolò Boncompagni Ludovisi, que morreu em 2018. A decisão de colocar à venda a Villa Aurora e seus muitos tesouros deve-se a uma disputa com os três filhos do falecido marido, frutos do primeiro casamento dele. A relação entre pai e filhos começou a se deteriorar quando Nicolò ainda era vivo e piorou significativamente quando ele decidiu reduzir a herança da prole por causa de uma dívida — dois dos filhos não compareceram no funeral do paia. A viúva diz que o imbróglio familiar faz com que a série Succession pareça “brincadeira de criança”.
Além do mural de 2,75 metros de largura assinado por Caravaggio, avaliado em mais de 310 milhões de euros (360 milhões de dólares), a mansão tem preciosidades como uma estátua atribuída a Michelangelo, escadaria projetada por Carlo Maderno, arquiteto italiano e um dos responsáveis pela Basílica de São Pedro, várias esculturas dos tempos romanos e retratos dos papas Gregório XIII e Gregório XV.
Durante séculos visitantes ilustres se hospedaram ali, desde o astrônomo italiano Galileo Galilei até o escritor norte-americano Henry James. Depois de um período de abandono no início dos anos 2000, seguiram-se décadas de restauros ao custo de muitos milhões de euros, apesar de a atual moradora considerar que ainda seja necessário investir 5 milhões de euros para que tudo fique nos trinques.
A proprietária, Rita Carpenter, prepara um novo leilão. De acordo com seu advogado, a segunda tentativa acontecerá no dia 7 de abril com uma redução de preço de 20% e lance inicial de 282 milhões de euros (US$ 320 milhões). Quem arrematar o imóvel terá que se comprometer a gastar mais 11 milhões de euros em despesas de restauração.
E tem mais… se a Villa Aurora atrair um licitante em abril, por lei o governo italiano pode igualar o lance vencedor e tomar posse da propriedade. Para a historiadora de arte Elizabeth Lev, essa seria a solução ideal: “Não há nada que eu gostaria mais do que vê-la nas mãos do Estado italiano para que possamos continuar a apreciá-la”. Algum interessado? Play abaixo para conhecer a villa: