Não se sabe quantos pedidos de impeachment além dos 130 já existentes ainda são necessários, quantos outros crimes de responsabilidade devem ser cometidos e quantos mais nacionais precisam morrer fruto de omissão ou má gestão na pandemia para que o presidente brasileiro seja impichado, mas no Chile a conta é mais singela.
No Chile basta estar encrencado no Pandora Papers que o sarrafo vem.
A Câmara dos Deputados aprovou nesta terça (9) pedido de impeachment contra o presidente Sebastián Piñera. O processo tem de ser aprovado também no Senado e o argumento jurídico utilizado é a “violação do princípio de probidade e do comprometimento grave da honra da nação”.
A revelação que deu start ao processo faz parte do conjunto copioso de informações compiladas por jornalistas investigativos no chamado “Pandora Papers”, que também revelou a existência das empresas que o ministro da Economia, Paulinho Guedes, mantém em paraísos fiscais.
No caso de Piñera, ele teria vendido uma mineradora pertencente à família em 2010, durante seu primeiro mandato presidencial, e seu comprador teria se beneficiado de pedido para que não fosse criada área ambiental na região de atuação da empresa. O pagamento estaria condicionado ao atendimento dessa solicitação. O Ministério Público do país investiga o caso.
Piñera, como Paulinho, alegou que já não mantinha relação com a gestão da empresa.
O mandato do presidente expira em março de 2022. Ou seja, o argumento bastante ouvido no Brasil, de que um processo de impeachment a tão pouco tempo do fim do termo presidencial de Bolsonaro seria prejudicial ao país, não encontra eco no Chile.