Figura de proa da Tchurminha de Curitiba que operou na Lava Jato, o promotor público Deltan Dallagnol anunciou que está a deixar o Ministério Público para se lançar na corrida legislativa de 2022. A notícia veio a público nesta quinta (4) por meio do jornal O Estado de S.Paulo, bastante próximo da equipe de promotores da Lava Jato.
Deltan, autor do célebre PowerPoint que tentava, com argumentos meramente sofísticos, justificar a acusação de chefe de organização criminosa que queria pespegar ao ex-presidente Lula, vivia um mal momento, pode-se dizer, no MP, com censura do Conselho Nacional do Ministério Público e diversos processos judiciais.
Até às 17h15, o promotor não havia ido ao Twitter fazer o anúncio oficial, permitindo que o Estadão celebrasse o, digamos, furo.
“Discípulo de Jesus, marido e pai apaixonado, mestre por Harvard e procurador da República por vocação”, como se define no Twitter, Deltan já havia manifestado, como ficou registrado em mensagens reveladas pelo site The Intercept na chamada “Vaza Jato”, sua vontade de concorrer ao Senado.
“Tenho apenas 37 anos. A terceira tentação de Jesus no deserto foi um atalho para o reinado. Apesar de em 2022 ter renovação de só 1 vaga e de ser Álvaro Dias, se for para ser, será. Posso traçar plano focado em fazer mudanças e que pode acabar tendo como efeito manter essa porta aberta”, escreveu Deltan, em janeiro de 2018, “numa longa mensagem enviada para ele mesmo”, como anotou o The Intercept.
O destino de Deltan deve ser o Podemos, mesmo partido de Álvaro Dias e o de seu confrade Sergio Moro. Mas em vez de tentar o Senado, ele deve se contentar com uma vaga na Câmara Federal, evitando concorrer com Dias.
Pouco depois da postagem do Estadão, Deltan se explicou pelo YouTube. Veja o vídeo