O ex-PGR Geraldo Brindeiro morreu hoje, aos 73 anos, em decorrência de complicações da Covid-19. Pernambucano, foi indicado para a chefia da Procuradoria Geral por Fernando Henrique Cardoso e exerceu a função por termos consecutivos, de 1995 a 2003.
Filho de senador da República e sobrinho ministro do STF, ele parecia mesmo talhado a exercer cargos de monta na esfera pública.
Em sua memória, o atual PGR, Augusto Aras se manifestou: “Perdemos um valoroso colega, um homem que devotou a vida ao Ministério Público. Geraldo Brindeiro foi um incansável defensor da independência funcional, a própria e a dos colegas”, disse.
Já o presidente da entidade classista ANPR escreveu: “Geraldo Brindeiro foi, dentre outras coisas, responsável pela construção da sede atual da Procuradoria-Geral da República, além de ter promovido diversos concursos de ingresso na carreira, ampliando em muito a atuação do MP. Sempre soube respeitar o pensamento diverso, com abertura ao diálogo.”
Brindeiro foi eternizado com a alcunha nada memorável de “engavetador-geral da República”, por fazer vistas grossas ao principal (e ao mesmo tempo mais comezinho) escândalo do governo do cardeal do PSDB, a da compra de votos para a reeleição do príncipe.
Aras, como se vê, tem precedentes.
FHC o escolheu justamente para tentar baixar a temperatura da PGR, que teve em Aristides Junqueira, antecessor de Brindeiro, alguém de performance altamente política. Segundo perfil publicado no Centro de Pesquisa e Documentação da FGV, FHC desejava um “MP menos politizado, mais técnico e que ocupasse menos espaço na imprensa”.