Indústria 4.0: O motor da retomada

Líder na produção de cloro, soda e PVC na América do Sul, Unipar investe em novas tecnologias para aumentar a eficiência e a segurança das operações enquanto se prepara para ser energeticamente autossustentável

Inteligência artificial, internet das coisas, robótica, automação industrial e máquinas conectadas já faziam parte da realidade de muitas indústrias ao redor do mundo. Mas a pandemia fez o movimento avançar e a tomada de decisão baseada em dados passou a ser essencial quando o planeta foi do físico para o virtual.

A Unipar, empresa brasileira pioneira na implantação de polos petroquímicos no Brasil e na Argentina e líder na produção de cloro, soda e PVC na América do Sul, já estava com sua transformação digital em curso, mas acelerou ainda mais esse processo para se adequar aos novos modelos e lidar com o novo cenário.

Com mais de 2,3 milhões de toneladas de vários produtos químicos que saem de suas fábricas de Cubatão, Santo André e Bahía Blanca, na Argentina, a Unipar investiu um pacote de mais de R$ 10 milhões para fazer essa migração para a chamada Indústria 4.0. “Estamos investindo em novas tecnologias de softwares e instrumentos que auxiliam na otimização de nossas operações para melhorar o nível de informações de todos os sistemas. O mundo está girando mais rápido e as informações precisam chegar o quanto antes”, explica Rodrigo Cannaval, engenheiro químico e diretor-executivo industrial da Unipar. 

O conceito de Indústria 4.0 surgiu pela primeira vez em 2011, na Feira de Hannover – principal evento do mundo de tecnologia industrial, na Alemanha –, e é conhecido também como a quarta revolução industrial. O intuito é digitalizar completamente a manufatura, com a fabricação de produtos cada vez mais customizados e baseados em dados analíticos, aumentando assim a produtividade. 

Na Unipar, uma das funções das novas tecnologias é a otimização de recursos empregados na operação (energia elétrica, gás natural, água e outras matérias-primas, como o cloreto de sódio – sal de cozinha). Cannaval explica que o sal misturado à água forma uma salmoura e, quando submetida a uma carga elétrica, a reação química gera hidrogênio, cloro e soda cáustica. O cloro pode ser vendido então para o tratamento de água ou como hipoclorito, a água sanitária. O restante pode ainda ser associado ao etileno e virar PVC. 

“São exemplos de como podemos utilizar melhor nossa energia elétrica, fazendo mais com menos”, conta o executivo. Ele diz ainda que a Unipar tem investido em ferramentas de machine learning – tecnologia na qual os computadores têm a capacidade de aprender de acordo com as respostas esperadas por meio de associações de banco de dados – para regular, a partir da inteligência artificial, a melhor forma possível de todas as variáveis das operações, usar melhor os recursos, fazendo mais com menos e garantir resultados mais eficientes. 

ENERGIA LIMPA
Outra novidade é a produção de novas formas de energia. Como parte dos chamados eletrointensivos, setores em que a energia elétrica tem grande peso no processo de produção, a Unipar tem se preocupado cada vez mais em consumir menos energia por tonelada de produto produzido. “Nossa decisão foi adotar um conceito autoprodutor. Fizemos uma parceria com a AES Brasil para um novo parque eólico, na Bahia, e um acordo com a Atlas Renewable Energy para um parque solar, em Minas Gerais, capaz de nos dar maior competitividade nos custos, garantir estabilidade com o fornecimento de energia e, principalmente, utilizar uma matriz energética limpa a partir do sol e do vento, e contribuir ao mundo como um todo”, conta Rodrigo Cannaval. A meta é obter até 70% da energia utilizada por autoprodução nos próximos cinco anos. 

Outra novidade é a produção de novas formas de energia. Como parte dos chamados eletrointensivos, setores em que a energia elétrica tem grande peso no processo de produção, a Unipar tem se preocupado cada vez mais em consumir menos energia por tonelada de produto produzido. “Nossa decisão foi adotar um conceito autoprodutor. Fizemos uma parceria com a AES Brasil para um novo parque eólico, na Bahia, e um acordo com a Atlas Renewable Energy para um parque solar, em Minas Gerais, capaz de nos dar maior competitividade nos custos, garantir estabilidade com o fornecimento de energia e, principalmente, utilizar uma matriz energética limpa a partir do sol e do vento, e contribuir ao mundo como um todo”, conta Rodrigo Cannaval. A meta é obter até 70% da energia utilizada por autoprodução nos próximos cinco anos. 

“Estamos investindo em novas tecnologias de softwares e instrumentos que auxiliam na otimização de nossas operações para melhorar o nível de informações de todos os sistemas” Rodrigo Cannaval, diretor-executivo industrial da Unipar

Na Unipar, medidas de eficiência operacional permitiram aumentar a capacidade instalada e atender os clientes sem interrupções no fornecimento dos insumos
Crédito: Divulgação

FORNECIMENTO ININTERRUPTO
Todas essas medidas de eficiência operacional permitiram a Unipar formar estoques para atender a demanda crescente, aumentar a utilização da capacidade instalada em suas unidades, além do atendimento a todos os clientes, que não sofreram interrupções no fornecimento dos insumos produzidos pela companhia. 

É o caso da parceria com a Ajinomoto do Brasil, que utiliza soda cáustica como fonte de sódio na fabricação de glutamato monossódico, ácido clorídrico para outros processos internos e hipoclorito de sódio, usado no tratamento de água. “Mesmo quando os escritórios da Unipar estavam fechados, tudo foi muito bem adequado para continuarem com o mesmo atendimento via home office, sem nenhum percalço. E em relação aos produtos, enquanto muita coisa estava em falta 

Na Unipar, medidas de eficiência operacional permitiram aumentar a capacidade instalada e atender os clientes sem interrupções no fornecimento dos insumos no mercado, eles continuaram nos abastecendo interruptamente, sete dias por semana”, diz Guilherme Ferrarini, gerente de compras corporativas, food e importação da Ajinomoto do Brasil. 

Apesar da pandemia ter gerado instabilidade, a Unipar cresceu significativamente em 2020. “Foi um ano extremamente difícil. A equipe precisou trabalhar em condições diferenciadas – home office e novos modelos de turnos –, mas o esforço de todos gerou um bom desfecho. O resultado financeiro da companhia foi espetacular, com faturamento de R$ 3,8 bilhões, e a gestão estratégica levou a Unipar a quase R$ 1 bi de Ebitda. O lucro líquido atingiu R$ 370 milhões no ano, o que representa crescimento de 26,9%, comparado aos 12 meses de 2019. E 2021 vai ser ainda melhor”, espera Cannaval.