Aos 2/3 de mandato, as pesquisas de opinião pública que avaliam o desempenho do presidente Jair Bolsonaro são hoje as piores da curta história de seu termo. Os respondentes reclamam da carestia, do desgoverno em geral, do desemprego, da gestão da pandemia, dos ataques ao STF – a lista é numerosa.
Mas dificilmente reclamam – e não teriam razões para isso – de pouca coerência do mandatário.
Bolsonaro cumpre o que promete. O timing raramente é bom, mas isso não invalida a premissa anterior. Nesta segunda (6), véspera do movimento pró-desarmonia de Poderes que ele mesmo incentivou vivamente ao longo das últimas semanas, o presidente assinou medida provisória que impossibilita as redes sociais privadas de cumprirem o que têm ajustado com seus usuários em suas próprias regras de funcionamento.
Excluir contas ou perfis apenas com base nas próprias políticas de uso agora não será mais possível. No Brasil, posts são apagados quando defendem tratamento não reconhecido pela ciência contra a Covid-19, por exemplo, ou contêm ataques a ministros do STF; nos Estados Unidos, quando a população é convocada para invadir o Congresso.
Até o momento em que a MP seja cassada por sua flagrante inconstitucionalidade, é o que teremos para hoje.