Delação de Mauro Cid vira alvo, mas PF garante que provas são ainda mais contundentes

Mauro Cid || Crédito: Bruno Spada / Câmara dos Deputados

A Polícia Federal (PF) reforçou que as provas colhidas na investigação da tentativa de golpe são sólidas e vão além da delação premiada de Mauro Cid. A defesa dos acusados tentou anular o acordo de colaboração do ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, mas o Supremo Tribunal Federal (STF) rejeitou a tentativa de forma unânime.

Investigadores rebatem estratégia da defesa

Os advogados de Bolsonaro argumentam que Mauro Cid apenas confirmou hipóteses já levantadas pela PF. No entanto, os investigadores discordam. Segundo a equipe da Polícia Federal, o ex-ajudante de ordens ratificou informações obtidas durante a apuração e trouxe detalhes inéditos, que fortaleceram a denúncia.

Além disso, a PF considera que a defesa tenta desviar o foco ao contestar a delação de Cid, ignorando o restante do material probatório. Para os investigadores, o caso não se sustenta apenas no depoimento do tenente-coronel, mas em um conjunto de evidências que inclui documentos, mensagens, vídeos e depoimentos de outras testemunhas.

STF mantém julgamento e avança com denúncias

Nesta quarta-feira (26), o Supremo Tribunal Federal retomou o julgamento da denúncia contra Bolsonaro e seus aliados. A sessão seguiu após o tribunal recusar todos os recursos da defesa, incluindo o pedido de anulação da delação de Mauro Cid.

Os ministros também descartaram outras tentativas da defesa, como transferir o caso para outra instância e alegar cerceamento de defesa. Com essas decisões, o STF agora avalia se os acusados se tornarão réus no processo.

Condenações podem ser pesadas

Caso a denúncia seja aceita, os acusados responderão por tentativa de golpe de Estado, organização criminosa e outros crimes. Se condenados, poderão receber penas que variam de prisão a inelegibilidade, além de sanções civis e administrativas.

O ministro Alexandre de Moraes reforçou que o STF não está condenando “pessoas inocentes”, mas sim envolvidos diretamente nos atos golpistas. Durante a sessão, ele apresentou um balanço das condenações já realizadas, desmentindo a versão de que apenas idosos estariam sendo punidos.

Segundo os dados exibidos, o STF já condenou 497 pessoas pelos atos de 8 de janeiro, sendo que 91% dos réus têm menos de 59 anos. Além disso, a Corte aplicou penas rigorosas, com muitos condenados a mais de 14 anos de prisão.