
As expectativas de inflação para 2025 e 2026 foram revisadas para cima mais uma vez, segundo o relatório Focus divulgado nesta segunda-feira (24) pelo Banco Central (BC). O levantamento, que reúne projeções de mais de 100 instituições financeiras, aponta que os preços devem continuar subindo acima do esperado, afastando ainda mais a possibilidade de cumprimento da meta inflacionária.
Inflação prevista continua em alta
A projeção de inflação para 2025 subiu de 5,60% para 5,65%, marcando a 19ª elevação consecutiva. Isso significa que a estimativa segue acima do teto estabelecido pelo BC, dificultando a estabilidade econômica.
Para 2026, a expectativa também aumentou, passando de 4,35% para 4,40%, registrando o nono aumento seguido. Em contrapartida, a previsão para 2027 permaneceu estável em 4%, enquanto a de 2028 teve uma leve queda de 3,80% para 3,79%.
A partir de 2025, o Brasil adotará um novo sistema de meta contínua para a inflação, que tem como objetivo manter os preços dentro da faixa de 1,5% a 4,5%. No entanto, com as projeções atuais, os analistas avaliam que o cumprimento dessa meta será um desafio.
Juros podem permanecer elevados
Para controlar a inflação, o Banco Central utiliza a taxa básica de juros, a Selic, como principal ferramenta. Porém, o relatório Focus indicou que as projeções para a Selic não sofreram alterações nesta semana.
- Para o final de 2025, os economistas mantiveram a estimativa da Selic em 15% ao ano.
- Para 2026, a expectativa continuou em 12,50% ao ano.
- Em 2027, a previsão permaneceu em 10,50% ao ano.
Mesmo sem mudanças na projeção dos juros, especialistas avaliam que o BC pode ser forçado a manter taxas elevadas por mais tempo caso a inflação continue pressionada. Isso impacta diretamente o crédito para empresas e consumidores, reduzindo o ritmo da economia.
Impacto no poder de compra
A inflação elevada afeta diretamente o custo de vida da população, principalmente das famílias de menor renda. Com preços mais altos, o poder de compra diminui, já que os salários não acompanham o mesmo ritmo de aumento dos produtos e serviços.
Os itens que costumam sentir os primeiros impactos da inflação são alimentos, combustíveis e contas de energia. Esse cenário exige que consumidores reorganizem seu orçamento, reduzindo despesas e adiando compras.
Outras projeções econômicas
O relatório Focus também trouxe previsões para outros indicadores da economia:
- Produto Interno Bruto (PIB): a estimativa de crescimento para 2025 ficou em 2,01%, e para 2026, em 1,70%.
- Dólar: a projeção para o fim de 2025 caiu de R$ 6 para R$ 5,99, enquanto para 2026 foi mantida em R$ 6.
- Balança comercial: o saldo positivo esperado para 2025 subiu de US$ 76 bilhões para US$ 76,7 bilhões, e para 2026 passou de US$ 78,3 bilhões para US$ 78,6 bilhões.
- Investimento estrangeiro: a entrada de capital externo no Brasil deve se manter estável em US$ 70 bilhões em 2025 e US$ 75 bilhões em 2026.