Lexa anuncia morte da filha devido a complicações de pré-eclâmpsia e síndrome HELLP; entenda as condições

A pré-eclâmpsia ocorre devido ao aumento da pressão arterial na gestação, podendo prejudicar o desenvolvimento do feto, favorecer a ocorrência de parto prematuro e até levar à morte materna.

Nesta segunda-feira (10), a cantora Lexa anunciou, por meio de um post no Instagram, a morte de sua filha Sofia, nascida no dia 2. A criança faleceu no dia 5 em decorrência de complicações causadas por um quadro de pré-eclâmpsia precoce grave e síndrome HELLP, motivo pelo qual Lexa estava internada desde janeiro.

“Na pré-eclâmpsia grave, além da pressão alta, há o acometimento de órgãos como rins, fígado, placenta e cérebro. Quando acontece precocemente, pode levar a consequências tanto para a mãe quanto para o feto. Uma dessas complicações é a síndrome HELLP (hemólise, elevação de enzimas hepáticas e queda de plaquetas), que, por sua vez, pode levar à insuficiência hepática e coagulação desregulada do organismo inteiro, o que é chamado de CIVD. Isso também pode afetar tanto a mãe quanto o bebê”, explica o ginecologista obstetra Dr. Fernando Prado, especialista em Reprodução Humana, membro da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM) e diretor clínico da Neo Vita.

“Para o bebê, a principal complicação é a prematuridade. Além disso, se ocorrer algum problema de falta de oxigenação e desenvolvimento da placenta, essa criança pode ter restrição de crescimento, o peso fica baixo e os órgãos principais acabam não se formando corretamente. Então, essa criança pode não resistir fora do útero devido à falta de maturidade de alguns órgãos, principalmente o pulmão”, ressalta o especialista.

Segundo o ginecologista e obstetra Dr. Nélio Veiga Junior, mestre e doutor em Tocoginecologia pela UNICAMP, a pré-eclâmpsia está relacionada a 20% de todos os nascimentos prematuros e a 500 mil mortes fetais e neonatais. “Afetando de 5 a 10% das gestantes, a pré-eclâmpsia é uma condição caracterizada pelo aumento da pressão arterial após a 20ª semana, acompanhada de proteinúria ou sinais clínicos e laboratoriais de lesão de órgãos. Quando há apenas aumento da pressão arterial, chamamos de hipertensão gestacional”, explica o obstetra.

A causa exata da pré-eclâmpsia não é conhecida, mas, de acordo com o médico, acredita-se que esteja relacionada a uma falha no desenvolvimento dos vasos sanguíneos da placenta, causada por uma ativação inflamatória que afeta todo o organismo materno. “Sabemos também que a pré-eclâmpsia está diretamente relacionada a fatores como histórico pessoal ou familiar de hipertensão ou pré-eclâmpsia, idade acima dos 35 anos, gestação decorrente de reprodução assistida (fertilização in vitro), obesidade, diabetes e gestação gemelar”, destaca o ginecologista.

“A pré-eclâmpsia é, inclusive, recorrente em pacientes que se submeteram a procedimentos de reprodução assistida, como a fertilização in vitro, justamente por características comuns desses indivíduos e procedimentos, como a idade geralmente mais avançada das gestantes e a maior probabilidade de gêmeos”, acrescenta o Dr. Fernando Prado.

Dada a gravidade da doença em estágios mais avançados, conhecidos como eclâmpsia, é importante que gestantes que apresentam esses fatores de risco fiquem atentas aos sintomas da condição, que, muitas vezes, surgem de maneira repentina. “Os sintomas da pré-eclâmpsia incluem inchaço, principalmente das pernas, dor de cabeça severa, alterações visuais, como surgimento de pontos brilhantes e visão turva, dores abdominais, especialmente na região do estômago”, acrescenta o Dr. Nélio, que alerta que, em casos graves, a doença pode causar convulsões, insuficiência cardíaca e renal.

Ao notar tais sintomas, é fundamental buscar atendimento médico o mais rápido possível para receber o diagnóstico e o tratamento adequado, evitando complicações tanto para a mãe quanto para o bebê. “O diagnóstico é realizado por meio da medição da pressão arterial, observação dos sintomas, avaliação do histórico clínico e familiar da paciente e realização de exames laboratoriais, tanto de sangue quanto de urina, para verificar a presença de proteína”, detalha o Dr. Nélio.

O médico ainda alerta que, muitas vezes, a pressão alta na gravidez é assintomática e pode passar despercebida. “Por esse motivo, é tão importante que o acompanhamento pré-natal seja realizado da maneira correta, com consultas e exames regulares”, afirma o obstetra.

Com base no diagnóstico e na gravidade do quadro, o médico poderá recomendar o tratamento mais adequado para cada caso. “Em casos mais leves, por exemplo, apenas a adoção de um estilo de vida mais saudável, principalmente com relação à alimentação, controle do peso e atividade física regular. Além disso, o uso do ácido acetilsalicílico (AAS) e a suplementação de cálcio são recomendados para reduzir os riscos de desenvolver pré-eclâmpsia. Já nos casos mais graves, o tratamento geralmente é feito no hospital, com o uso de medicamentos para reduzir a pressão arterial e controlar o risco de convulsões”, explica o especialista Dr. Nélio.

No entanto, é importante lembrar que a única solução definitiva para a pré-eclâmpsia é o parto. “Dependendo da idade gestacional do bebê e da gravidade do quadro, o médico pode recomendar a antecipação do parto ou a interrupção da gravidez”, diz o Dr. Fernando Prado. “Por isso, o acompanhamento é tão essencial para o controle da condição”, finaliza o Dr. Nélio Veiga Junior.

FONTES:
Dr. Nélio Veiga Junior: Médico ginecologista e obstetra, mestre e doutor em Tocoginecologia pela Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (FCM/UNICAMP). Atua em consultório privado e já foi médico preceptor no curso de Medicina da UNICAMP e médico pesquisador no Centro de Pesquisa em Saúde Reprodutiva de Campinas. Participa periodicamente de congressos, eventos e simpósios, além de ser autor de diversos artigos científicos publicados em revistas nacionais e internacionais. CRM 162641 | RQE 87396 | Instagram: @neliojuniorgo

Dr. Fernando Prado: Médico ginecologista, obstetra e especialista em Reprodução Humana. É diretor clínico da Neo Vita e coordenador médico da Embriológica. Doutor pela Universidade Federal de São Paulo e pelo Imperial College London, no Reino Unido. Possui graduação em Medicina pela Universidade Federal de São Paulo, além de ser membro da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM) e da Sociedade Europeia de Reprodução Humana (ESHRE). Instagram: @neovita.br