Flórida se aprofunda à direita e rejeita direitos progressistas como aborto e maconha

Flórida se aprofunda à direita e rejeita direitos progressistas como aborto e maconha
Imagem: Reprodução/Instagram @realdonaldtrump

Na eleição de 2024, a Flórida deixou claro seu novo posicionamento político, afastando-se das disputas equilibradas entre os partidos e consolidando-se como um reduto republicano. Com uma margem expressiva de 13 pontos percentuais, o ex-presidente Donald Trump derrotou a candidata democrata Kamala Harris e assegurou os 30 votos do Colégio Eleitoral do estado, reforçando sua popularidade na região. Esse resultado ampliado confirma a mudança de perfil da Flórida, que já havia dado sinais de uma guinada conservadora em eleições passadas.

Uma mudança profunda no eleitorado

Historicamente, a Flórida ocupava a posição de estado-pêndulo, alternando entre candidatos republicanos e democratas. No entanto, as duas últimas eleições revelaram uma tendência crescente de apoio ao Partido Republicano. Em 2016, Trump venceu na Flórida com um ponto percentual de vantagem sobre Hillary Clinton e, em 2020, ampliou essa diferença para quatro pontos contra Joe Biden. Neste pleito, com uma vitória ainda mais expressiva sobre Kamala Harris, Trump solidifica a Flórida como uma fortaleza republicana.

Esse cenário de ampla aceitação conservadora não se reflete apenas na escolha presidencial. Segundo dados, todos os condados da Flórida mostraram uma inclinação ainda mais acentuada à direita em comparação com a eleição anterior. Essa homogeneidade no apoio republicano sublinha a mudança ideológica do estado, que antes era um dos mais equilibrados dos Estados Unidos em termos de preferência partidária.

Temas polêmicos rejeitados

Além da disputa presidencial, os eleitores da Flórida também tomaram decisões importantes em temas progressistas. Dois plebiscitos de grande impacto foram derrotados nas urnas: um que propunha a proteção do direito ao aborto na Constituição estadual e outro que visava legalizar o uso recreativo da maconha. Esses resultados reafirmam o perfil conservador do eleitorado local, que rejeitou amplamente propostas ligadas ao progressismo.

O governador republicano Ron DeSantis, um dos principais apoiadores de Trump, celebrou a decisão dos eleitores, que reforça seu compromisso com pautas conservadoras e com a política anti-progressista. Essa rejeição ao aborto e à legalização da maconha confirma o afastamento do estado das plataformas liberais defendidas pelos democratas.

A influência de Trump na Flórida

Donald Trump escolheu a Flórida como sua base política desde o fim de seu mandato, sendo proprietário de um resort de luxo em Palm Beach. Durante a campanha, ele participou de diversos comícios no estado, ressaltando suas posições conservadoras e criticando duramente o Partido Democrata. Em suas declarações, Trump afirmou que reconheceria uma eventual derrota apenas se “a eleição fosse justa”, reiterando suspeitas infundadas de fraude.

A estratégia de Trump na Flórida foi calculada, apelando para valores conservadores e fortalecendo sua conexão com o eleitorado do estado. Seu carisma e o apelo direto com as preocupações locais, como segurança e valores tradicionais, conquistaram uma base sólida de eleitores.

Contexto de desastres naturais e segurança

Além da disputa eleitoral, a Flórida enfrentou outros desafios durante o período das eleições, incluindo duas grandes tempestades. Os furacões Helene e Milton causaram danos significativos e tragédias em várias partes do estado. Esses eventos naturais geraram uma preocupação sobre o impacto na participação eleitoral, especialmente entre as áreas mais afetadas. No entanto, a campanha de Trump pareceu ser menos afetada pelas condições adversas, e a mobilização eleitoral permaneceu elevada.

Outro episódio de tensão foi uma tentativa de atentado contra Trump em setembro, em um clube de golfe na Flórida. O ex-presidente saiu ileso, mas o incidente levantou debates sobre segurança. Esse episódio adicionou um elemento de incerteza e reforçou o discurso de segurança e ordem, pontos fortes da campanha de Trump.