O Banco Central divulgou o Boletim Focus semanal com projeções de economistas do mercado financeiro, indicando que a inflação deve ultrapassar o teto da meta em 2024, com uma estimativa de 4,59%. A expectativa para o índice inflacionário, que até a semana anterior era de 4,55%, representa a quinta elevação consecutiva. Essa projeção torna o cenário econômico mais desafiador para a gestão das metas de inflação no próximo ano.
De acordo com os dados mais recentes, a meta de inflação central para 2024 foi estabelecida em 3%, sendo considerada cumprida apenas se a variação se mantiver entre 1,5% e 4,5%. Caso a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), supere esse limite, o Banco Central será obrigado a justificar o descumprimento da meta através de uma carta pública ao Ministro da Fazenda, detalhando os fatores que contribuíram para o aumento, como variações nos preços de alimentos e energia, além de outras pressões inflacionárias.
Outro indicador econômico que sofreu revisão foi o câmbio. Os economistas do mercado financeiro elevaram a expectativa para a taxa de câmbio no fim de 2024, que passou de R$ 5,45 para R$ 5,50. Esse ajuste sugere que o Banco Central pode manter uma política monetária mais restritiva para conter o aumento dos preços, embora o mercado ainda espere possíveis cortes na taxa de juros ao longo do ano.
Além da inflação e do câmbio, o Boletim Focus também apresentou ajustes nas previsões para a taxa básica de juros, a Selic, que deve encerrar 2024 em 11,75% ao ano. A desvalorização do real eleva diretamente o custo de produtos importados e o preço dos insumos, o que influencia os preços finais ao consumidor.
Na área de crescimento econômico, o relatório revelou uma leve revisão positiva, com a expectativa do Produto Interno Bruto (PIB) para 2024 subindo de 3,08% para 3,10%. Esse crescimento sinaliza uma leve melhora na atividade econômica, mas ainda enfrenta desafios diante da necessidade de controle inflacionário e de alta na taxa de juros.
Para os próximos anos, as estimativas de inflação também passaram por ajustes. A projeção para 2025 subiu de 4% para 4,03%, enquanto a previsão para 2026 aumentou de 3,60% para 3,61%. Apesar de pequenos, esses ajustes indicam uma tendência de pressão contínua nos preços e refletem incertezas econômicas, como as variações no custo de energia e alimentos, que têm sido impactados por questões climáticas e de oferta.