Mercado eleva previsão de inflação e PIB para 2024 em meio a cenário econômico desafiador

As projeções do mercado financeiro para 2024 indicam um cenário de desafios persistentes para a economia brasileira, conforme revelado no Boletim Focus divulgado pelo Banco Central. A expectativa para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país, subiu pela quinta semana consecutiva, alcançando 4,22%. Essa estimativa está acima da meta de 3% estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), embora ainda dentro da margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Para os anos seguintes, as previsões de inflação indicam uma leve queda em 2025, situando-se em 3,91%, e estabilidade para 2026, com a expectativa mantida em 3,6%.

A partir de 2025, entrará em vigor o novo sistema de meta contínua, que estabelece um centro de meta de 3%, com a mesma margem de tolerância. Essa mudança significa que o CMN não precisará mais definir uma meta de inflação anualmente, tornando o processo mais previsível. Apesar das pressões inflacionárias, as expectativas para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2024 foram levemente revisadas para cima, passando de 2,2% para 2,23%, refletindo um otimismo cauteloso do mercado. No entanto, para 2025, a projeção de crescimento foi ajustada para baixo, de 1,92% para 1,89%. Já para 2026, o mercado mantém a previsão de crescimento do PIB em 2%, mesma estimativa que se mantém estável há 54 semanas.

O desempenho econômico de 2023, que registrou um crescimento de 2,9% e totalizou R$ 10,9 trilhões, serve como referência para as expectativas futuras. Com relação à taxa básica de juros, a Selic, as previsões indicam estabilidade em 10,50% para 2024, enquanto para 2025, a estimativa subiu ligeiramente para 10%. Em 2026, o mercado projeta uma Selic estável em 9%, cenário que se mantém há 14 semanas. Esses números refletem a cautela do Banco Central em equilibrar a política monetária com as metas de inflação.

O mercado também ajustou suas previsões para o câmbio. O dólar, que encerrou 2023 em torno de R$ 5,30, deve atingir R$ 5,31 ao final de 2024, valor ligeiramente superior ao projetado na semana anterior. Para 2025 e 2026, as projeções permanecem inalteradas em R$ 5,30 e R$ 5,25, respectivamente. Esses dados indicam uma estabilidade relativa nas expectativas de câmbio, mas refletem a cautela diante de um cenário global incerto. A recente alta no preço da gasolina, das passagens aéreas e da energia elétrica, que elevou a inflação de julho para 0,38%, são fatores que contribuem para a pressão sobre a economia doméstica, exigindo atenção constante do mercado e das autoridades monetárias.

Fonte: Agência Brasil