No terceiro dia oficial de competições nos Jogos Olímpicos de Paris, nesta segunda-feira, 29 de julho, o Brasil chegou perto da quarta medalha duas vezes. Primeiro, no judô. Campeã olímpica no Rio 2016, Rafaela Silva acabou derrotada na semifinal e na disputa pelo bronze, terminando na quinta colocação. O Brasil também se apresentou bem no skate, com Kelvin Hoefler, prata nos Jogos de Tóquio 2021, mas ele viu o possível bronze escapar nas últimas rodadas da competição e terminou em sexto. A jornada brasileira em Paris, contudo, teve momentos mais do que simbólicos, com a primeira vitória da história do país no badminton feminino e as estreias promissoras do vôlei feminino e da campeã mundial Bia Ferreira no boxe. Em comum a todas as histórias, a digital do Bolsa Atleta, programa de patrocínio direto do Governo Federal.
HISTÓRIA NO BADMINTON – Juliana Viana conseguiu um resultado histórico para o badminton feminino do Brasil nesta segunda-feira. Com vitória por 2 sets a 0 sobre Lo Sin Yan Happy, de Hong Kong, ela garantiu o primeiro triunfo do badminton feminino do país na história dos Jogos Olímpicos. As parciais foram de 21/19 e 21/14.
“Estou em choque ainda. Acho que a ficha vai cair quando esfriar o corpo. Estou emocionada, feliz por ter feito história, por representar meu país. Desde pequena, meu sonho era representar o Brasil internacionalmente, ainda mais no maior evento esportivo, os Jogos Olímpicos. Com 19 anos, vestir a camisa do Brasil… É surreal. Não tenho nem palavras”, comemorou a atleta.
Na primeira partida, Juliana havia perdido para a tailandesa Supanida Katethong por 2 a 0, com parciais de 21/16 e 21/19. Agora, ela aguarda o desfecho de Katethong (TAI) x Lo (HKG), na próxima terça-feira, 30, para a definição do grupo D. O badminton é uma das 27 modalidades em que 100% dos atletas brasileiros em Paris integram o Bolsa Atleta.
QUASE NO JUDÔ – Nos tatames, o Brasil por pouco não levou a terceira medalha em Paris no judô nesta segunda-feira (29/7), com a carioca Rafaela Silva. Depois da prata com Willian Lima no meio-leve masculino (66kg) e do bronze de Larissa Pimenta (52kg), ambos no domingo (28/7), a medalhista de ouro no Rio 2016 e bicampeã mundial avançou à semifinal na categoria até 53 kg, após superar Maysa Pardayeva, do Turcomenistão, nas oitavas de final e passar pela georgiana Eteri Liparteliani, nas quartas de final. Na semifinal, Rafaela mediu forças com a atual campeã mundial, a sul-coreana Mimi Huh, mas acabou superada no golden score (prorrogação no judô) com uma imobilização. Na disputa pelo bronze, a campeã olímpica brasileira enfrentou a japonesa Haruka Funakubo, um dos principais nomes da modalidade. A luta novamente foi decidida em um longo golden score, onde Rafaela acabou desclassificada por um movimento irregular numa queda.
“É uma regra para proteger os atletas porque quando apoia a cabeça tem risco de lesionar a cervical ou algo assim. Não foi ao meu favor hoje. Não sei o que é mais difícil, se é perder assim ou levar um ippon logo. Senti que estava crescendo na luta, ela queria a luta no solo, consegui algumas defesas, mas acabei ficando sem medalha”, lamentou Rafaela.
Além dela, o Brasil teve Daniel Cargnin em ação. Medalha de bronze nos Jogos de Tóquio 2021, o brasileiro acabou derrotado na primeira luta por Akil Gjakova, do Kosovo, e não teve chances de brigar por medalha em Paris. Rafaela e Cargnin são integrantes do Bolsa Atleta, do Ministério do Esporte.
O judô é o esporte de maior tradição do Brasil em Olimpíadas e só não subiu ao pódio em Jogos Olímpicos em três edições: Tóquio 1964, Cidade do México 1968 e Moscou 1980. Até aqui, o país já contabiliza 26 medalhas: quatro de ouro, quatro de prata e 18 de bronze.
KELVIN NA TRAVE NO SKATE – Um dia depois de Rayssa Leal conquistar a medalha de bronze para o Brasil no skate street, três skatistas do país competiram em Paris: Kelvin Hoefler, Felipe Gustavo e Giovanni Vianna disputaram a competição do street masculino. Do trio, apenas Kelvin, prata nas Olimpíadas de Tóquio 2021, avançou à final, marcada por nível altíssimo.
Apesar de ter executado belas manobras e de ter figurado entre os três melhores até as últimas duas rodadas da fase de manobras, Kelvin terminou na 6ª posição, com 270,27 pontos. “Em Tóquio foi diferente, a pista era grande, o formato era diferente. Acho que poderiam mudar o formato para os próximos Jogos Olímpicos, para ser um pouco mais divertido”, afirmou Kelvin, que sofreu durante a prova com fortes dores no tornozelo e no punho em função de uma queda ao tentar uma manobra.
O pódio foi preenchido pelo japonês Yuto Horigome, ouro após somar 281,14 pontos. Ele superou por um décimo o norte-americano Jagger Eaton, prata com 281,04. O bronze ficou com o também norte-americano Nyjah Huston (279,38).
SENTIMENTOS MISTOS NO TÊNIS – No tênis, a principal atleta do Brasil, Bia Haddad Maia, 22ª no ranking mundial, foi eliminada na segunda rodada da chave de simples pela eslovaca Anna Karolina Schmiedlova, 67ª. A rival venceu por 2 sets a 0, com duplo 6/4. Com o resultado, o Brasil não tem mais representantes na chave de simples feminina, já que Laura Pigossi perdeu na estreia, no domingo (28/7), para a ucraniana Dayana Yastremska por 2 a 1.
Ainda nesta segunda-feira, Bia Haddad voltou à quadra ao lado da brasileira Luisa Stefani para a estreia do país na chave de duplas. As brasileiras enfrentaram as chinesas Yue Yuan e Shuai Zhang e venceram por 2 sets a 0, com parciais de 6/4 e 6/3.
“Eu estava preparada para um dia longo. Acho que a partir do momento que um jogador decide jogar simples e dupla, ele está preparado para esses momentos. Na simples, performei muito mal, realmente foi um jogo muito ruim. Tive ali meu momento para tomar banho, me alimentar, conversar. Foi muito importante a conversa que tivemos, tanto em grupo com o time quanto eu com o Rafa (técnico) e com a Lu (Stefani) individualmente. Esses momentos são importantes para mudar o chip”, refletiu Bia.
Quem também venceu foi a dupla formada pelos brasileiros Thiago Monteiro e Wild. Os dois, que foram eliminados na chave de simples, passaram por 2 a 0, com um duplo 6/4, pelo time do Cazaquistão formado por Alexander Bublik e Aleksandr Nedovyesov.
BIA SEGUE, ABNER FICA – Campeã mundial e medalhista de prata nos Jogos Olímpicos de Tóquio, Bia Ferreira iniciou bem a caminhada em Paris no boxe. A brasileira derrotou a americana Jajaira Gonzalez por decisão unânime na categoria -60kg. Ela está a uma vitória de garantir vaga na semifinal em Paris e, consequentemente, mais uma medalha olímpica, já que o boxe não tem a disputa do bronze.
“Foi uma boa estreia. A gente lutou há pouco tempo no Pan e eu sabia que ela tentaria uma estratégia diferente. Dessa vez, ela tentou vir para cima, mas não teve sucesso. Foi do jeito que a gente planejou, não tive surpresas. Estou no jogo. Quero muito mais uma medalha olímpica, mas é uma luta de cada vez”, disse Bia.
Já Abner Teixeira, medalhista de bronze em Tóquio, foi surpreendido pelo equatoriano Gerlon Chala, pelos superpesados (+92kg), e está eliminado do torneio de Paris. Abner não viveu um ciclo olímpico tranquilo, tendo ficado afastado do esporte por um período devido a uma ruptura do ligamento cruzado anterior no joelho direito. Na derrota para o equatoriano, a pontuação adversa no primeiro round fez a diferença. Abner se recuperou nos dois rounds seguintes, mas não foi suficiente.
“Quero assistir à luta para ver onde errei. Mudei a estratégia no meio do combate, achei que tivesse feito o bastante, mas não foi o necessário. Sou competitivo e queria fazer história aqui novamente. Agora é voltar para casa e pensar nos próximos passos”, afirmou o superpesado.
VÔLEI TRANQUILO – A Seleção feminina estreou com vitória tranquila nas Olimpíadas de Paris. O Brasil, comandado pelo técnico José Roberto Guimarães, venceu o Quênia por 3 sets a 0, com parciais de 25/14, 25/13 e 25/12. As maiores pontuadoras foram Carol e Rosamaria, que marcaram 13 pontos cada uma. O Brasil está no grupo B. Nesta quinta-feira (1/8), a Seleção enfrenta o Japão e, na sequência, duela com a Polônia, no domingo (4/8).
AGENDA CHEIA – A terça-feira (30/7) promete ser agitada para o Time Brasil nos Jogos Olímpicos de Paris. O dia começa com disputa de medalha no triatlo masculino, com Miguel Hidalgo e Manoel Messias. Na sequência, dois jogos no tênis de mesa individual masculino. Sexto no ranking mundial, Hugo Calderano encara o espanhol Álvaro Robles, enquanto Vitor Ishiy terá pela frente o alemão Dimitrij Ovtcharov.
O dia ainda terá o Time Brasil sendo representado na final por equipes da ginástica artística feminina. Formado por Rebeca Andrade, Lorrane Oliveira, Jade Barbosa, Julia Soares e Flávia Saraiva, o Time Brasil fechou a fase de classificação com o quarto lugar ao computar 166,499.
Toda a atenção também para os esportes de combate. No judô, Guilherme Schimidt, quarto colocado do ranking mundial, e Ketleyn Quadros, primeira mulher brasileira a ganhar uma medalha em esportes individuais (bronze em Pequim 2008), entram em ação. No boxe, Michael Trindade enfrenta o cubano Alejandro Claro (-51kg), Wanderley Pereira pega o haitiano Cedrik Duliepe (-80kg) e Tatiana Chagas enfrenta a coreana Aeji In (-54kg). Nos esportes coletivos, o handebol feminino terá uma parada dura contra a França, enquanto no basquete masculino, os brasileiros buscam a primeira vitória diante da Alemanha.
Fonte: Gov.br