Elogiado por Machado de Assis, romance brasileiro ganha nova edição

“O Filho do Pescador”, de Antônio Gonçalves Teixeira e Sousa, ganhou uma nova edição pela Editora Sophia

Romance brasileiro elogiado por Machado de Assis ganha nova edição
O livro se consagrou como o primeiro romance brasileiro – Reprodução Instagram (@sophiaeditora)

O romance que acompanhou o relacionamento conturbado de Augusto e de Laura ganhou uma nova edição. A trama cheia de ciúmes e assassinatos se estabeleceu como o primeiro romance brasileiro.

A obra de Antônio Gonçalves Teixeira e Sousa, ganhou o mundo em 1843 e agora estará de volta nas livrarias em uma nova edição. No entanto, originalmente, o romance saiu nos rodapés do folhetim O Brasil, da Tipografia Imparcial de Britto. Na época, Francisco de Paula Brito, jornalista, era o líder da editora.

O editor logo se tornou sócio e amigo de Teixeira e Sousa e foi o responsável por tornar a obra em livro. Hoje em dia, 180 anos após a primeira edição, a Editora Sophia relançará o livro, com uma edição especial comentada. O novo exemplar chegou às livrarias em maio e veio dividido em 20 capítulos e com 595 notas – explicativas dos termos e referências.

Gustavo Rocha, doutor em Letras pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) virá como criador da maior parte das notas. Além disso, haverá uma apresentação feita pela professora Hebe Cristina da Silva, mestre e doutora em Teoria e História Literária pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Um romance inovador

De acordo com José Correia Baptista, mesmo que fosse uma obra de época, O Filho do Pescador se mostrou inovador. “Ele [o autor] não ficou copiando romance francês, como era o costume na época, nem [fez] uma história bonita de um romance francês adaptada para o Brasil”, destacou, em entrevista à GALILEU. “Ele escreveu uma história baseada em personagens brasileiros, com características brasileiras, e também com negros, com capoeira, com baile, com festa popular”, finalizou.

Segundo a revista Galileu, Baptista também explicou que o autor era mestiço – filho de português e uma mulher negra – e mostrou a sociedade racista da época. Além disso, Teixeira e Sousa foi “um pioneiro na visão da presença do negro além de força de trabalho escravizada” e um autor que enxergou o negro “como um sujeito, um ser humano universal, que tinha sentimentos, tinha valores e beleza também”.