Desmatamento na Mata Atlântica: Redução e novos desafios

Foto Reproduçao Intenert/ Thomas Bauer – SOS Mata Atlântica

Entre 2022 e 2023, o desmatamento na Mata Atlântica apresentou uma redução nas áreas contínuas do bioma, mas aumentou em fragmentos isolados e zonas de transição. A Fundação SOS Mata Atlântica, utilizando o Atlas da Mata Atlântica e o Sistema de Alertas de Desmatamento (SAD), divulgou esses dados, indicando que o desmatamento caiu em florestas maduras, mas cresceu em áreas de transição com outros biomas, como Cerrado e Caatinga.

Luís Fernando Guedes Pinto, diretor executivo da SOS Mata Atlântica, explicou que essa dinâmica reflete a aplicação desigual da Lei da Mata Atlântica, que protege a vegetação nativa, mas enfrenta desafios em regiões de transição e encraves. Nessas áreas, a expansão agropecuária é a principal causa do desmatamento, apesar da lei permitir desmatamento apenas em casos de interesse social ou utilidade pública.

O monitoramento mostrou que o desmatamento nas áreas contínuas caiu 27%, de 20.075 hectares em 2022 para 14.697 em 2023, refletindo o sucesso das políticas de conservação. Porém, a destruição aumentou em estados como Piauí, Ceará, Mato Grosso do Sul e Pernambuco, enquanto Minas Gerais, Paraná e Santa Catarina tiveram quedas significativas no desmatamento.

O SAD, que detecta desmatamentos a partir de 0,3 hectare, revelou um aumento total do desmatamento de 74.556 para 81.356 hectares entre 2022 e 2023, equivalente a mais de 200 campos de futebol desmatados diariamente. A perda foi maior em áreas de encraves e transição, principalmente na Bahia, Piauí e Mato Grosso do Sul, onde a expansão agrícola se intensificou.

Menos floresta resulta em mais desastres naturais, epidemias e desigualdade. A redução da cobertura florestal impacta negativamente os serviços ecossistêmicos, como regulação do clima e disponibilidade de água, e a agricultura sofre com quebras de safra recorrentes. A restauração florestal é crucial para mitigar as mudanças climáticas, retirando gás carbônico da atmosfera e melhorando a adaptação a eventos extremos.

Na Região Sul, especialmente no Rio Grande do Sul, onde metade do estado é coberta pela Mata Atlântica, a situação também é preocupante. Com apenas 10% da cobertura original restante, a proteção florestal poderia minimizar os impactos de desastres naturais. A conservação das florestas é essencial para aumentar a resiliência das cidades e reduzir os efeitos das chuvas intensas e enchentes, destacando a importância de uma abordagem integrada para a preservação de todos os biomas.

Fonte: Agencia Brasil