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Destacamos alguns pontos importantes:
- Cientistas encontraram um novo tipo de células-tronco com potencial para regeneração da cartilagem.
- São células progenitoras disponíveis na embriogênese, processo de formação de uma pessoa.
- Como essas células humanas são difíceis de serem obtidas, eles conseguiram cultivá-las em laboratório a partir de células-tronco pluripotentes humanas.
A osteoartrite (artrose) de joelho é uma doença articular debilitante que afeta mais de 500 milhões de pessoas em todo o mundo, com tendências crescentes à medida que a população envelhece. “A artrose é causada pela degeneração progressiva e irreversível da cartilagem articular, causando dor, inchaço e imobilidade na articulação afetada. As terapias atuais concentram-se no alívio dos sintomas, mas não conseguem restaurar a cartilagem degenerada“, explica o Dr. Marcos Cortelazo, ortopedista especialista em joelho e traumatologia esportiva, membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT). Mas pesquisadores chineses publicaram no final de fevereiro um estudo na revista Stem Cell Reports que parece ser uma boa promessa para mudar o quadro. “Eles encontraram um novo tipo de células-tronco que contém potencial para regeneração da cartilagem do joelho, em um procedimento testado em camundongos com artrose“, diz o Dr. Marcos.
O ortopedista explica que não é a primeira vez que cientistas tentam o tratamento potencialmente alternativo com a regeneração da cartilagem a partir de células-tronco. “É importante ressaltar que nem todos os tipos de células-tronco podem produzir cartilagem e ensaios clínicos anteriores com células-tronco mesenquimais ou células estromais obtidas não mostraram de forma convincente que esses tipos de células produzem nova cartilagem quando administradas a pacientes com artrose”, explica o médico. No estudo atual, os cientistas concentraram-se nas chamadas células progenitoras dos brotos dos membros. “Durante a embriogênese dos vertebrados, as células progenitoras dos brotos dos membros dão origem à cartilagem, osso e tendão dos membros, sugerindo que esse tipo de célula-tronco tem uma capacidade intrínseca naturalmente alta de produzir cartilagem”, diz o médico.
Para testar esta hipótese, os investigadores usaram ferramentas genéticas para isolar essas células progenitoras do desenvolvimento de embriões de ratos. Notavelmente, após a injeção nas articulações dos joelhos de camundongos com artrose, as células progenitoras dos brotos dos membros geraram eficientemente nova cartilagem, enquanto as células-tronco mesenquimais administradas a um grupo separado de camundongos não surtiram efeito.
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“Apesar destes resultados encorajadores, os progenitores dos brotos dos membros não são facilmente obtidos em humanos. Para superar isso, os cientistas recorreram às células-tronco pluripotentes humanas (hPSCs), que são células-tronco imaturas que podem ser cultivadas em números elevados no laboratório. Após extensa otimização do protocolo, os pesquisadores de fato obtiveram progenitores de brotos de membros derivados de células-tronco pluripotentes humanas que se assemelhavam muito aos progenitores de brotos de membros embrionários de acordo com a expressão genética e proteica. De forma encorajadora, tal como os seus homólogos embrionários, os progenitores dos botões dos membros derivados produziram nova cartilagem quando transplantados para os joelhos de ratos com artrose”, explica o médico.
As descobertas preparam o terreno para uma potencial terapia de substituição de cartilagem para pacientes com artrose, mas são necessários mais estudos em modelos animais para confirmar e replicar estas descobertas. “Se tal tratamento avançar para a clínica, será necessário passar por uma revisão regulatória adequada”, diz o médico. “O tema cartilagem é um dos maiores desafios da especialidade de cirurgia do joelho na atualidade. Apesar de bastante promissoras as pesquisas, lidamos ainda com duas dificuldades: primeiro, a sua aplicabilidade real em humanos; e segundo, a importância de se chegar com um tratamento efetivo na articulação afetada antes de haver um grande comprometimento do osso que está abaixo da cartilagem lesionada”, explica o médico ortopedista. Atualmente, uma das soluções em casos graves é a cirurgia, que pode ser desde um procedimento de artroscopia para ‘toalete’ articular, usada para casos restritos, até as cirurgias de correção de eixo, osteotomias, e cirurgias para a substituição da articulação acometida, como a artroplastia ou prótese, segundo o médico.
“No campo de tratamentos, estamos diante de avanços por meio do desenvolvimento de substâncias que podem proteger a cartilagem através da diminuição do atrito e controle do processo inflamatório articular, como o Ácido Hialurônico injetável, até o desenvolvimento de próteses customizadas, ou seja, feitas para o próprio indivíduo”, finaliza o médico Dr. Marcos Cortelazo.
Fonte: DR. MARCOS CORTELAZO: Ortopedista especialista em joelho e traumatologia esportiva. Graduado em medicina e pós-graduado em ortopedia e traumatologia pela Escola Paulista de Medicina/Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), o Dr. Marcos Cortelazo é membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT), da Sociedade Latino-americana de Artroscopia, Joelho e Esporte (SLARD) e da Sociedade Internacional de Artroscopia, Cirurgia do Joelho e Medicina do Esporte (ISAKOS). Sócio efetivo da Sociedade Brasileira de Cirurgia do Joelho e da Sociedade Brasileira de Artroscopia, o especialista integra o corpo clínico dos hospitais Albert Einstein, São Luiz e Oswaldo Cruz. CRM 76316 Instagram: @dr.marcos_cortelazo