Em estudo publicado em fevereiro no periódico científico Science Advances, um grupo de pesquisadores da Universidade Monash, na Austrália, apresentou um método inovador para melhorar a motilidade dos espermatozoides e, assim, aumentar as chances de um casal engravidar. “A motilidade é um dos parâmetros de qualidade do sêmen, referindo-se à capacidade dos espermatozoides de se moverem até o óvulo para fecundá-lo. Problemas na motilidade do espermatozoide, condição que é conhecida como astenospermia, figuram entre as principais causas de infertilidade masculina”, explica o Dr. Fernando Prado, especialista em Reprodução Humana, Membro da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM) e diretor clínico da Neo Vita.
Para reverter o quadro, os pesquisadores utilizaram um método que consiste em expor os espermatozoides a ondas de ultrassom de alta frequência. Para isso, foi usado um sistema capaz de prender os espermatozoides em microgotículas de forma que, além de serem expostos à energia do ultrassom, poderiam ser filmados e examinados em um microscópio. Após serem expostos por 20 segundos ao ultrassom em uma frequência de 40 MHz e com energia de 800 mW, os espermatozoides apresentaram uma melhora de 266% na motilidade e a proporção de espermatozoides não progressivos passou de 36% para apenas 10%. “Espermatozoides não progressivos são aqueles que apresentam movimento de cauda, mas não progridem, geralmente realizam movimentos circulares. Ao contrário dos espermatozoides considerados imóveis, que não têm movimento de cauda algum, esses espermatozoides não progressivos ainda têm uma chance de fertilizar o óvulo, mas é muito pequena”, explica o Dr. Fernando.
A técnica mostrou um enorme potencial para melhorar as chances de gravidez mesmo nos casos mais desafiadores de astenospermia, visto que, no estudo, os espermatozoides com a menor motilidade foram os que apresentaram maior melhora após a exposição ao ultrassom. “E sabemos que mesmo uma pequena melhora na motilidade espermática pode aumentar consideravelmente as chances de gravidez”, destaca o médico. Além disso, os testes mostraram que o ultrassom não gerou efeitos prejudiciais no DNA ou na viabilidade dos espermatozoides.
De acordo com Fernando Prado, o uso do ultrassom pode ser uma alternativa menos invasiva para o tratamento da infertilidade masculina. “Uma alta motilidade espermática possibilita o uso de técnicas menos invasivas de reprodução assistida e uma maior taxa de sucesso. Por exemplo, melhorar a motilidade dos espermatozoides pode ajudar os pacientes a atingirem os requisitos mínimos para realizar uma Fertilização In Vitro convencional ao invés da injeção intracitoplasmática de espermatozoides (ICSI)”, diz o médico, que explica que a ICSI é um método que otimiza o uso dos espermatozoides, com apenas um espermatozoide sendo inserido diretamente no interior do óvulo para facilitar a fecundação e aumentar as chances de gravidez. “No entanto, a ICSI tem um custo maior e exige uma maior manipulação dos óvulos. Mas a decisão pela melhor técnica deverá ser feita pelo médico conjuntamente com o paciente após uma avaliação da qualidade do sêmen por meio de um espermograma, exame que mostra o volume do sêmen e a concentração, motilidade e a morfologia dos espermatozoides”, finaliza.
FONTE: DR. FERNANDO PRADO: Médico ginecologista, obstetra e especialista em Reprodução Humana. É diretor clínico da Neo Vita e coordenador médico da Embriológica. Doutor pela Universidade Federal de São Paulo e pelo Imperial College London, de Londres – Reino Unido. Possui graduação em Medicina pela Universidade Federal de São Paulo, Membro da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM) e da Sociedade Europeia de Reprodução Humana (ESHRE). Instagram: @neovita.br
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