Por Anderson Antunes
A história conta que Thomas Edison, ao tentar inventar a lâmpada elétrica, enfrentou milhares de falhas antes de chegar à invenção que iluminaria o mundo. A cada erro, ele se aproximava mais da solução. A metáfora é perfeita para o atual cenário do jornalismo digital, um ambiente em constante evolução onde erros e acertos coexistem. E, sob as luzes da ribalta, vêm moldando o futuro da comunicação.
A era da informação digitalizada trouxe consigo a narrativa jornalística transmidiática. Esse modelo, que distribui uma história através de diferentes plataformas e formatos, prometeu ampliar o alcance, envolver o público e proporcionar uma experiência imersiva. De podcasts a reportagens em vídeo, passando por infográficos interativos, o jornalismo se reinventou. Essa abordagem rompeu barreiras geográficas, democratizou o acesso à informação e permitiu uma diversidade de vozes.
Contudo, a velocidade e a vastidão dessa narrativa podem, por vezes, eclipsar a essência do jornalismo, que é e sempre foi a busca pela verdade. Já no digitalismo, onde cada clique e visualização é crucial, a pressão para se tornar viral pode comprometer a integridade. Desinformação, sensacionalismo e polarização encontram terreno fértil nesse cenário, desafiando os pilares éticos do jornalismo. Também se trata de algo que trouxe à tona a necessidade imperativa de se defender os direitos universais, especialmente em momentos desconfortáveis.
A livre circulação de informações gerou movimentos de censura e vigilância, onde regimes autoritários e mesmo democráticos tentaram controlar ou distorcer a narrativa. Em ocasiões assim, a defesa intransigente dos direitos universais se torna não apenas importante, mas vital. São nesses momentos de desconforto que os valores fundamentais são testados e reforçados.
Ao refletir sobre o caminho que o jornalismo digital deve trilhar, é essencial lembrar que erros, assim como os de Edison, não são sinais de derrota, mas etapas no processo de refinamento. O importante é aprender com eles e usar essas lições para aprimorar a narrativa, garantindo que a verdade, a ética e os direitos universais permaneçam no cerne da missão jornalística.
A luz no fim do túnel é, na verdade, o primeiro feixe de luz no horizonte do jornalismo digital. E um no qual uma revolução na disseminação de informações, que pode se mostrar ainda mais transformadora do que os impactos sentidos com a pandemia, já emitem seus raios. Essa forma fluida e dinâmica de jornalismo, diferentemente da permanência tangível do impresso, detém o potencial de influenciar percepções e moldar realidades em uma escala sem precedentes. Daí surge a necessidade imperativa de se manter fiel à verdade e aos direitos universais, uma sombra que nunca cobre apenas um indivíduo sem apagar as luzes de todos os outros.
Na infinitude do metaverso, não perceber a incandescência de um simples erro de digitação, e optar por se abrigar atrás de uma fachada de infalibilidade, ao mesmo tempo em que tenta rivalizar com a perfeição matemática inerente à Inteligência Artificial, carrega consigo o risco de ser o próprio auto-apagão do artífice.
Quando a realidade dos fatos inclui a inevitabilidade do erro, honestidade e autenticidade não se tornam apenas virtudes. São uma luz de segurança, iluminando juntas a linha tênue entre a credibilidade duradoura e a obsolescência auto infligida. Tal como a lâmpada de Edison, que depois de inúmeras tentativas frustradas finalmente iluminou o mundo, o jornalismo digital tem o poder de acender as verdades. E nesse caminho, virtualmente às vezes irá tropeçar na escuridão.
É essa luz, proveniente da resiliência humana e da busca incessante pela verdade, que continuará a guiar a sociedade através das eras. E assim nos lembrando da simplicidade essencial dos ocorridos, e da importância de nunca os esquecer. Não há nisso nenhum romantismo, de fato, somente há a certeza dos números, que nunca mentem.