Excertos de delação de Cid revelados pelo UOL colocam Bolsonaro em xeque e indispõem Marinha

Mauro Cid || Crédito: Bruno Spada / Câmara dos Deputados

Segundo repórter do portal que teve acesso à delação de Mauro Cid, ex-presidente consultou chefes militares sobre golpe, e almirante Almir Garnier demonstrou apoio

A ideia de que exista uma arma, a Marinha, a coonestar um golpe de estado talvez seja tão ou mais preocupante do que a ideia de que um presidente consultou seus chefes militares sobre a possível adesão a esse mesmo golpe.

A revelação de que o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, Mauro Cid, teria dito em sua delação à Polícia Federal que Jair Bolsonaro chegou a consultar os chefes militares sobre essa possibilidade, caso confirmada – e provada materialmente –, coloca o ex-presidente em péssimos lençóis, mas certamente abre uma zona enorme de desconforto entre Lula 3 e a Marinha.

Excertos da confissão de Cid chegaram às mãos do repórter Aguirre Talento, do UOL, que publicou nesta quinta (21) essas informações. Segundo o portal, o então comandante da Marinha, almirante Almir Garnier, “manifestou-se favoravelmente ao plano golpista durante as conversas de bastidores, mas não houve adesão do Alto Comando das Forças Armadas”.

O almirante Garnier foi o mesmo, conforme mostrou o portal Metrópoles, que se recusou a comparecer à cerimônia de entrega do cargo ao comandante Marcos Sampaio Olsen, seu substituto no governo Lula.

Até às 13h30 desta quinta-feira, petistas e atores de Lula 3 ainda não haviam vindo abaixo pedindo represálias a Garnier. A presidente do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann, foi mais para cima de Bolsonaro do que o almirante, citado lateralmente em postagem no ex-Twitter.

Gleisi, contudo, errou a arma de Garnier, trazendo a Aeronáutica para o rolo.

O fim de semana promete.