Destituição de Leite da presidência tucana expõe (outra vez) conflitos da sigla

Eduardo Leite e Orlando Morando || Crédito: Maurício Tonetto/Secom/Reprodução/Fb

Ação contra prorrogação da executiva nacional foi movida por Orlando Morando, prefeito de São Bernardo do Campo, que disse ter “dever” de assim proceder

A decadência por que passa o PSDB, manifestada sobejamente nas perdas do Bandeirantes e de dezenas de  parlamentares ao longo das últimas eleições, ganhou mais um capítulo com o deferimento do processo movido pelo prefeito de São Bernardo do Campo (SP), Orlando Morando, contra a prorrogação do mandato da executiva nacional da sigla, chefiada pelo governador gaúcho, Eduardo Leite.

A decisão judicial, conhecida na segunda (11), determina que novas eleições sejam realizadas para a executiva em até 30 dias.

Morando disse em 20 de junho nunca ter “escondido suas dúvidas sobre a legitimidade da nova executiva nacional do PSDB” e que, portanto, tinha o dever, “como filiado”, de “honrar a história da sigla”. Infere-se do tuíte que “honrar a história do PSDB” seria  judicializar as próprias dúvidas.

Seu argumento é de que o estatuto do partido permite uma única prorrogação. Leite, às voltas com assuntos mais momentosos, como as dezenas de mortos nas cidades do vale do Taquari por conta das chuvas, não deu trela à decisão judicial, que é, aliás, objeto de recurso. Outra governadora do PSDB, Raquel Lyra, de Pernambuco, tampouco posicionou-se a respeito, ao menos nas redes sociais.

Raquel, Leite e Eduardo Riedel, governador do Mato Grosso do Sul, são as forças rejuvenescedoras do partido, que, de alguma forma, contrapuseram-se à adesão mais ou menos envergonhada dos tucanos ao bolsonarismo em 2022.

A conta oficial do partido no ex-Twitter é dominada, aliás, pelos três governadores, o que pode, talvez, incomodar Morando. Raquel Lyra, por exemplo, não se peja em celebrar o PAC 3 e aparecer em fotos ao lado do ministro Rui Costa (Casa Civil), representante máximo do governo federal no programa.

Morando, por seu turno, é crítico contumaz do PT, de Lula 3, e, principalmente, de Luiz Marinho, ministro do Trabalho e seu adversário paroquial no ABC. Boa parte das manifestações do prefeito são para mostrar seu descontentamento com os “retrocessos” na politica trabalhista e com o iminente retorno da contribuição sindical. Vale inclusive parabenizar o senador Ciro Nogueira (PP-PI), ex-ministro da Casa Civil de Jair Bolsonaro, aquele que, ao menos publicamente, não queria o correligionário André Fufuca como o novo e sorridente ministro dos Esportes de Lula.