Etanol une Biden, Lula e Modi no encontro do G-20 na Índia

Modi e Biden || Crédito: CC/Flickr/MEAphotogallery

Aliança por biocombustíveis será chancelada pelos três líderes; Brasil agora também domina produção do combustível a partir do milho, como os EUA

Estados Unidos, Índia e Brasil irão chancelar no encontro do G-20, em Nova Déli, na Índia, para onde o brasileiro viaja já nesta quinta-feira (7), a criação do Global Biofuels Alliance, acordo que visa incrementar a produção mundial de biocombustíveis para o setor de transporte – carros e aviões, notadamente.

O Brasil desenvolve o etanol de cana de açúcar desde os anos 1980, bem antes de os Estados Unidos virarem players do segmento, mas com o etanol de milho.

O acordo pelo biocombustível já existe, mas ganhará pompa no encontro do G-20. Um dos resultados da visita do primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, aos Estados Unidos, em junho, expresso no item 18 da declaração dos dois líderes, era o lançamento da aliança.

Desde 2020, por seu turno, o Brasil tem acordo de cooperação com a Índia para estimular a produção do etanol no populoso país. Lá, a participação desse combustível no uso de energia em veículos a gasolina atingiu 6% em 2022, duas vezes o patamar de 2019. Nos Estados Unidos, a fatia é de 7%.

Os celebrados avanços da agricultura brasileira têm no etanol uma boa síntese. Não só o etanol resultante da produção de cana-de-açúcar, como agora também de milho. O avanço da produtividade na lavoura propiciou a instalação de usinas para produção do etanol de milho inclusive em São Paulo, onde o setor sucroalcooleiro assobia e chupa cana.

Recentemente, o ex-deputado federal pelo PSDB e ex-secretário da Agricultura paulista Xico Graziano escreveu em sua coluna no site Poder 360 que a produtividade do milho avançou quatro vezes nos últimos 30 anos. “O milho era bem caipira”, registrou. “Hoje, a produtividade média nas fazendas tecnificadas gira em torno de 10 t/ha, semelhante ao padrão dos EUA. Houve um salto tecnológico fantástico, com novas variedades, geneticamente aprimoradas.”

Curiosamente, a cana de açúcar da Índia já foi objeto de contencioso histórico na Organização Mundial do Comércio movido por Brasil, Austrália e Guatemala. O país asiático irrigava o mercado internacional com seu produto excedente, diminuindo a cotação da commodity. Desenvolver a cooperação para a produção do etanol de cana da Índia foi uma jogada de mestre.