“Neocolonialismo verde” volta à mesa em fala de Lula na África do Sul

Lula || Crédito: Ricardo Stuckert/PR

Presidente estressa ameaças de multas e sobretaxas por correção ambiental de europeus em comércio com Mercosul

Em discurso no primeiro dia da 15ª Cúpula do Brics nesta terça-feira (22), na África do Sul, o presidente Lula foi novamente na jugular da União Europeia (UE) usando a expressão “neocolonialismo verde”. A UE o praticaria em seus infinitos aditivos e “sides” ao acordo que jamais é concluído com o Mercosul.

Os europeus querem no “deal” multas e sobretaxas caso artigos produzidos na América do Sul comercializados na Europa não respeitem padrões ambientais… europeus.

“Neocolonialismo verde”, a expressão, pode ser mais ou menos nova para o G7, mas Lula vem estressando o tema e já não dá mais para seus parças do primeiro mundo seguirem a fazer cara de paisagem.

“Não podemos aceitar um neocolonialismo verde que impõe barreiras comerciais e medidas discriminatórias, sob o pretexto de proteger o meio ambiente”, disse Lula.

A fala não repercutiu muito na imprensa internacional até às 14h30 (horário de Brasília). Uma exceção foi a agência russa Tass, que mencionou a fala de Lula e sublinhou nela a busca de um “mecanismo mais justo e previsível” para o comércio internacional por parte dos cinco países dos Brics.

O China Daily, de Hong Kong, já havia citado a expressão “neocolonialismo verde” ao cobrir a Cúpula da Amazônia, em Belém, no começo de agosto.

Lula também falou sobre a adoção de uma divisa que não o dólar para o comércio entre países.

“Tenho defendido a adoção de uma unidade de conta de referência para o comércio entre os países do Brics, que não substituirá as nossas moedas nacionais. O Novo Banco de Desenvolvimento já representa um marco na colaboração efetiva entre as economias emergentes e deve ser o líder global no financiamento de projetos que abordem os desafios mais urgentes de nosso tempo”, escreveu, em longo fio no ex-Twitter.