Repercussão de assassinato de líder quilombola joga mais pressão sobre governador da Bahia

Bernadete Pacífico || Crédito: Divulgação/CONAQ

Rosa Weber e Janja pedem esclarecimentos sobre morte de Mãe Bernardete, que estava em programa de proteção de testemunhas do estado

O governador baiano, Jerônimo Rodrigues (PT), está sob pressão por conta dos números absurdos da violência do estado. Recentemente, dados do Anuário de Segurança mostraram que 11 das 20 cidades com mais homicídios do Brasil são baianas.

Sim, é verdade que o dado se refere a 2022, último ano de mandato do atual ministro da Casa Civil, Rui Costa. Mas o crime crescente, a violência policial e as declarações normalizadoras dessa violência à “Tarcisão” de Jerônimo abriram flancos, especialmente entre companheiros de esquerda do governador.

O assassinato a tiros, na quinta-feira (17), da liderança quilombola Mãe Bernadete é mais um problema para o o governador. Mãe Bernardete estava sob guarida do programa de proteção de testemunhas do estado, o que foi lembrado pela advogado da vítima, Davi Mendes, nesta sexta (18), à imprensa baiana. O governador havia ido às redes sociais na noite de quinta dizer que determinara às polícias do estado que fossem “firmes na investigação” – o que quer que isso signifique.

A questão é que o homicídio ganhou repercussão nacional. Lula foi ao ex-Twitter por volta das 10h desta sexta (18) para manifestar “pesar e preocupação” com o assassinato e telefonou para Jerônimo, que passou recibo da ação. Na mesma rede, o governador escreveu: “Falei com o Lula, pela manhã, ao telefone, e reafirmei o nosso compromisso com as investigações e apoio aos familiares de Mãe Bernadete.”

A coisa não ficou só no Executivo. A presidente rotativa do STF, Rosa Weber, foi outra chefe de Poder a se manifestar nesta sexta (18). Em nota lembrou que havia se encontrado com a líder assassinada. “Mãe Bernardete, que me falou pessoalmente sobre a violência a que os quilombolas estão expostos e revelou a dor de perder seu filho com 14 tiros dentro da comunidade, foi morta em circunstâncias ainda inexplicadas”.

A ministra cobrou a apuração do crime: “As autoridades locais devem adotar providências para o urgente esclarecimento e reparação do acontecido (…)”

Janja, companheira de Lula, também lamentou a morte. Depois de manifestar solidariedade em tuíte, produziu uma segunda postagem, com cobranças: Que as autoridades possam rapidamente esclarecer esse assassinato. Não podemos mais aceitar que nossa sociedade siga movida pela intolerância e pelo ódio.”