Em encontro na Uneb, primeiro negro na diretoria do BC saúda ensino público

Ailton de Aquino || Crédito: Pedro França/Agência Senado

Ailton de Aquino, recém-promovido a diretor de fiscalização, ressalta sua formação em escolas públicas e na Universidade Estadual da Bahia, em contraste com colegas de “Yale, Harvard e PUC"

O diretor de fiscalização do Banco Central, Ailton de Aquino Santos, participante do Conselho de Política Monetária (Copom), fez sua estreia na reunião que decide o futuro imediato da taxa de juros brasileira no começo de agosto, quando, com voto favorável do presidente da instituição, Roberto Campos Neto, a taxa Selic foi cortada em 0,50%.

Um evento auspicioso para Aquino, um baiano que frequentou a escola pública e é o primeiro negro a atingir um cargo de direção no BC. Aquino falou a estudantes novatos da Universidade Estadual da Bahia (Uneb) sobre sua trajetória que, para os do copo meio cheio, deve ser celebrada; para os do copo meio vazio, é sintoma de um país em que, como no verso de Caetano Veloso, “o macho branco sempre [está] no comando”.

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Aquino, que nasceu em Jequié, no centro-leste baiano, hoje uma das cidades mais violentas do estado, ressaltou em sua fala a importância da escola pública. ““Vim de uma família pobre e sempre estudei numa escola pública. À noite (…) Um menino de Jequié que tinha o sonho de fazer o ensino superior. Acho algo fundamental na vida de todos nós, e a Uneb me propiciou isso”, disse, conforme registrou a Agência Brasil.

O diretor apontou uma diferença de formação em relação aos demais colegas do Copom, todos eles (e elas) brancos: “Ao sentar-me pela primeira vez no Copom, para decidir a taxa de juros no Brasil, sempre perguntei o que meus professores, que são craques em economia, estariam pensando. Todos os que estão sentados, sem demérito, no Banco Central, estudaram em Harvard, em Yale, fizeram PUC [Pontifícia Universidade Católica], fizeram doutorado e viajaram o mundo inteiro. Eu fiz Uneb”.