Cristiano Ronaldo, Karim Benzema, N’Golo Kante, Sadio Mané, Jordan Henderson, Neymar. O “line up” da liga saudita de futebol se tornou subitamente estelar. Os times que a disputam talvez ainda não consigam vencer Real Madri, Liverpool, Manchester City e outros bichos-papões dos torneios interclubes, mas certamente irão endurecer bastante essas partidas.
(Flamengo e do Palmeiras já são fregueses dos árabes.)
Mais do que celebrar as contratações, a imprensa, especialmente aquela não exatamente focada no esporte, vem repetindo a palavra “sportswashing”. Diferentemente do greenwashing, tentativa das corporações de se dizerem amigas do meio ambiente; e do pinkwashing, quando elas, as empresas, passam a brandir equidade de gênero, a modalidade esportiva diz respeito a países.
No caso da Arábia Saudita, a prática visaria suavizar a imagem de um país marcado por intolerância religiosa, machismo, guerras e violência política e assassinatos de inimigos do clã dirigente. Os times, que, como tudo no país, são propriedade da família real saudita e de alguns pouquíssimos apaniguados, investiram US$ 0,5 bi nesta “janela” de negociações, num movimento que já vinha sendo feito em outros esportes como golfe e automobilismo.
A operação de sportswashing objetivaria amenizar a imagem da Arábia, acreditam especialmente os observadores ocidentais, mas há que se levar em conta que esse movimento de diversificação já havia começado nos Emirados Árabes Unidos e no Catar, que sediou a Copa do Mundo de 2022.
Os sauditas, que já investiam em clubes pelo mundo – na liga inglesa, a mais competitiva do planeta, são donos do tradicional Newcastle –, agora querem também atrair espectadores para suas canchas. Como mostrou a revista inglesa The Economist, trata-se de um “rebranding”. À secular revista, Steven Cook, de instituto de relações internacionais de Nova York, disse que a Arábia vislumbra a necessidade de diversificar sua economia, ainda completamente dependente do petróleo, especialmente diante da inexorabilidade da transição verde.
“É melhor que todos trabalhem juntos pela prosperidade na região, não pelo conflito, e os sauditas querem ser vistos na vanguarda desse processo.”