Por Mario Kaneski direto de Paris
Na França, o partido Rassemblement National (em português, Reagrupamento Nacional) está revendo sua doutrina ambiental. O partido busca se opor a quaisquer medidas restritivas relacionadas às mudanças climáticas para obter dividendos eleitorais.
Será possível transformar uma desvantagem política, como a questão ambiental, em vantagem eleitoral? O partido de extrema-direita acredita que sim. Eles enxergam na ecologia e nas inevitáveis medidas de adaptação ao aquecimento global uma pauta de divisão nacional a ser explorada, seguindo o sucesso que obtiveram em relação à imigração.
O RN busca, como expresso por um membro do grupo parlamentar ligado às discussões internas, “ressaltar as divisões” entre os habitantes urbanos e aqueles que vivem em áreas rurais e periféricas, boa parte de sua base eleitoral.
Até o momento, o “localismo”, um conceito inspirado na extrema-direita identitária que coloca a fronteira como um princípio absoluto, era praticamente o único ponto focal do discurso do RN. Mas agora há a insurgência dessa “ecologia de senso comum” em contraposição à noção de uma ecologia punitiva. “A ideologia [dos ecologistas] é uma luta contra a humanidade”, declarou a líder do partido e três vezes candidata a presidente Marine Le Pen.
O RN tem a intenção de se opor a qualquer coisa que possa ameaçar os estilos de vida e padrões de consumo dos franceses, quando essas ameaças forem provenientes de decisões tomadas em Paris ou Bruxelas (sede da União Europeia), em nome da redução das emissões de gases do efeito estufa e da adaptação às mudanças climáticas.