Como um tesouro de arte de U$ 2 bilhões acabou em um sótão na França?

Em um novo livro, Michael Finkel conta a história de Stéphane Breitwieser, “talvez o ladrão de arte mais bem-sucedido e prolífico que já existiu”

O Museu de Belas Artes de Blois, França, onde Stéphane Breitwieser roubou “Madeleine de France” de Corneille de Lyon, considerada “uma das pinturas historicamente mais importantes do país”.Crédito: Ed Alcock / New York Times

Em um novo livro, Michael Finkel conta a história de Stéphane Breitwieser, “talvez o ladrão de arte mais bem-sucedido e prolífico que já existiu”.

“The Art Thief” de Michael Finkel conta a história de Stéphane Breitwieser, um jovem ladrão de arte que se envolveu em uma impressionante série de roubos em museus durante oito anos. Ele vive com sua namorada Anne-Catherine Kleinklaus em uma pequena cidade no leste da França, onde desfruta de uma vida despreocupada, imerso em sua paixão pela beleza das obras de arte.

O livro apresenta uma visão romântica de Stéphane, retratando-o como um devoto da arte que aprecia sua coleção roubada ao lado de Anne-Catherine, transformando sua casa em um refúgio secreto para essas preciosidades. Através de uma colorida inserção de fotos, o leitor pode admirar parte do impressionante acervo que Stéphane acumulou, incluindo marfins esculpidos, cálices de prata reluzentes e óleos valiosos.

Porém, o romance da história é quebrado por indícios de uma realidade mais obscura. Stéphane é, em essência, um ladrão, e suas ações têm consequências. Além dos roubos de arte, ele também é preso por pequenos furtos em lojas. E, mais perturbador, surge a revelação de que ele agrediu Anne-Catherine após descobrir que ela havia feito um aborto. A imagem idealizada do protagonista começa a desmoronar, revelando suas falhas e atitudes problemáticas.

O relacionamento de Stéphane com sua mãe, Mireille Stengel, também é complexo. Embora ela seja retratada como uma figura materna amorosa, há dúvidas sobre se ela realmente sabia das atividades criminosas do filho ou se optou por ignorá-las. Sua atitude ambivalente em relação ao acervo roubado também é intrigante, pois ela parece oscilar entre sentimentos de amor e ódio em relação a ele.

Ao longo do livro, o autor oferece reflexões sobre a natureza da arte e explora o lado mais sombrio da personalidade de Stéphane. Embora a narrativa seja cativante e envolvente, Finkel deixa algumas questões em aberto, sugerindo que a verdade é mais complexa do que foi apresentada. O leitor é levado a questionar o romantismo da história e confrontar a realidade de um protagonista que é tanto um ladrão apaixonado pela arte quanto um indivíduo com problemas emocionais e comportamentais.