A perpetuação de congressistas nos parlamentos brasileiros é uma das faces do velho patrimonialismo brasileiro. Dinastias que perduram décadas, e, em ao menos um caso, séculos, se sucedem, fazendo com que gerações e gerações de uma mesma família assumam posições no Senado, na Câmara Federal e nas assembleias legislativas estaduais – além de cargos majoritários. No Congresso, uma família que há tempos não larga o osso é a de Fernando Coelho Filho (UB-PE), deputado em seu quinto mandato consecutivo, que se licenciou da Câmara apenas para assumir o ministério de Minas e Energia no governo Michel Temer, em 2016. Fernandinho, ou Coelhinho, é filho do ex-senador Fernando Bezerra Coelho, que foi líder do governo Bolsonaro no Senado, e tem em comum com o pai muito mais que o sobrenome: os dois foram ministros de Minas e Energia – o pai, o ex-bolsonarista, de Dilma Rousseff, numa demonstração cabal de que ideologia não é exatamente o que move a família. Há ainda os irmãos de Coelhinho, Miguel Coelho, ex-prefeito de Petrolina, renunciou ao cargo para concorrer ao governo de Pernambuco — ficou a ver navios; o outro, Augusto Coelho, o caçula, foi deputado estadual em Pernambuco. O patriarca da família é Nilo Coelho (1920-1983), ex-governador de Pernambuco e ex-senador, que se tornou um dos empresários mais poderosos de Petrolina e de todo o estado de Pernambuco.(Reprodução)
Menos longeva, a dinastia gaúcha Covatti tem no deputado federal Covatti Filho (PP-RS) seu representante atual na Câmara dos Deputados. Já está em seu terceiro mandato consecutivo. Seu pai, o advogado Vilson Covatti, passou dois termos na Casa, entre 2007 e 2015 – antes disso foi deputado estadual do Rio Grande do Sul e vereador em Frederico Westphalen, cidade onde cresceu e onde nasceram sua mulher e filhos. Diferentemente do que costuma acontecer na Câmara Federal, as pautas de pai e filho não se confundiram, com o júnior se tornando nome destacado do agrobusiness. Covatti Filho participou como membro titular da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural e chegou a se licenciar de seu mandato para assumir a secretaria da Agricultura do Rio Grande do Sul no início do primeiro governo Eduardo Leite. Atualmente, é membro titular da CCJ da Câmara Federal.
Ele está em seu segundo mandato como deputado federal por Minas Gerais, mas Lafayette Doorgal de Andrada, vice-líder do Republicanos, vem de uma linhagem parlamentar bicentenária. Tudo começou com José Bonifácio de Andrada e Silva (1763-1838), o famoso patriarca da Independência. Mais recentemente, o pai de Lafayette, Bonifácio de Andrada (PSDB-MG), exerceu 10 mandatos consecutivos na Câmara e representou a quinta geração de uma família que já teve outros 14 representantes no Parlamento brasileiro em quase 200 anos. Morreu no início do ano, aos 90 anos, de Covid-19. O atual representante da dinastia foi eleito com 103 mil votos depois de cumprir três mandatos na Assembleia Legislativa de seu estado. No ano passado, arriscou-se candidato à prefeitura de BH, mas comeu poeira de Alexandre Kalil (PSD), que concorria à reeleição. (Câmara dos Deputados)