Discrição de Lira em cruzeiro e em tentativa de censura fracassam, e imagem turva

Arthur Lira || Crédito: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados

Presidente da Câmara tem brilho pela aprovação da reforma tributária ofuscado por pedido de remoção de vídeos de site noticioso

O presidente da Câmara Federal, Arthur Lira (PP-AL), estava até muito recentemente com sua imagem a brilhar. Refulgindo. A aprovação da PEC da reforma tributária a toque de caixa na madrugada de sexta (7), mostrando força inaudita na condução parlamentar; as palavras de conforto e reconhecimento de Lula; até mesmo a postura de sóbria indignação, se isso é possível, contra as ilações de que trocava a aprovação da PEC por emendas e posições no governo federal: tudo isso fazia dele uma figura, dir-se-ia, olímpica.

Mas a discrição que ele talvez quisesse preservar nos dias seguintes, tanto no cruzeiro pelo Caribe com o cantor Wesley Safadão, e, principalmente, na ação de retirada de vídeos e indenização de R$ 300 mil que ele moveu contra o ICL, site noticioso fundado pelo economista Eduardo Moreira, foram para o espaço.

Nesta quarta (12), o ICL finalmente pode ter acesso e divulgar a causa de que seria réu por dar voz a ex-mulher de Lira, que acusa o deputado de malfeitos diversos, já que o processo foi indeferido. Lira pedia que os vídeos contra ele fossem removidos, além de 300 paus.

Ainda que sejam as forças progressistas que nesta quarta-feira (12) mais espalham o assunto nas redes sociais, a direita histérica tem razões para cerrar fileiras contra o alagoano, que vai se tornando cada vez mais relevante no semipresidencialismo oficioso que Lula 3 está a viver.

Ter imagens reveladas de seus passos tímidos durante o show de Safadão é um dano certamente menor do que ter seu nome associado a um pedido de censura. Seu inimigo figadal e paroquial, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) não titubeou em escolher a censura para espezinhar o adversário. Em seu Twitter, foi rápido:

“Arthur delira. Tentou uma mordaça contra o ICL e sua ex-esposa, que fez graves acusações no canal. É a índole do tiranete que pautou o voto impresso, ameaçou institutos de pesquisa com prisão e persegue jornalistas. Segue perdendo todas na Justiça.”