Elmar Nascimento, do UB, emerge como “dublê” de Lira e atazana governo

Elmar Nascimento || Crédito: Bruno Spada/Câmara dos Deputados

Deputado baiano lidera o União Brasil na Câmara desde fevereiro e é inimigo do ministro da Casa Civil Rui Costa, com quem, realpolitik é isso, almoçou na quarta (15)

Já é lugar comum considerar que Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara Federal, tornou-se uma figura incontornável na gestão de qualquer governo. Com o advento das emendas impositivas, ele vitaminou sua popularidade entre os pares e foi reeleito para sua segunda legislatura com uma votação histórica.

Com novo presidente no Planalto, Lira entrou rapidamente em campo para não perder as benesses colhidas durante o governo Bolsonaro e entregou votações maiúsculas em MPs de interesse de Lula, mas o fez não sem mostrar seus dotes — ou, melhor, seus dentes. Por mais de uma vez disse que “o governo Lula precisa entender que o Congresso conquistou protagonismo”.

Dito isto, é hora de falar do deputado Elmar Nascimento (UB-BA), que também tem mostrado aos cardeais de Lula 3 que ele tem força no pedaço. Líder do União Brasil, ele chegou a pleitear um ministério ainda durante o governo de transição, mas, rival do grupo do ministro da Casa Civil, Rui Costa, na Bahia, foi limado; de qualquer forma, coube a ele indicar o homem forte da  Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), a grande “estatal do Centrão”, instrumento de distribuição de benesses para redutos eleitorais de prefeitos, deputados federais e estaduais que garantem votos quando eles são efetivamente necessários.

Elmar agora jogou pesado para que seu partido tenha um representante na Esplanada no lugar da ministra Daniela Carneiro (Turismo), que pediu desfiliação do UB e, portanto, não poderia ou deveria representar a legenda.

Discreto, longe das redes sociais, que são esparsamente atualizadas, ele é um sujeito de bastidor. Por isso talvez seja um dos parlamentares mais citados por sites e TVs “all news” nestes últimos dias. Na quarta-feira (14), ele chegou mesmo a almoçar com sua nêmesis, Rui Costa, em seu próprio apartamento funcional de Brasília.

Na sessão de votação do impeachment de Dilma Rousseff na Câmara, que ele endossou, disse que votara para “extirpar da vida nacional essa organização criminosa que sequestrou a Bahia e o Brasil” e que seu voto era pelo “Brasil e pelos brasileiros, pela Bahia e pelos baianos” e também pelo “futuro” de suas duas filhas — não se furtou a nomeá-las.