Não teve ministro tocando Ave Maria na sanfona, “cola” em papel sulfite A-4 nem presidente da Caixa de papagaio de pirata. Nada, enfim, da estética pão com leite condensado tão cara a Jair Bolsonaro. Mas a estreia de uma live presidencial de Lula, que se pretende regular, talvez semanal, nesta terça (13) logo pela manhã, evocou a live das quintas-feiras às noites feitas por seu antecessor.
Lula montou uma estrutura supostamente bem mais jornalística, numa sala com cara de estúdio de podcast, dois microfones estilosos e, mais importante, convidou para ter como “escada” um jornalista de carreira, o ex-TV Globo Marcos Uchoa, que se lançou numa campanha a deputado federal pelo PSB fluminense em 2022 mas a abandonou poucas semanas antes da eleição.
Temas sensíveis ao governo Lula foram pinçados, como a relação com o agronegócio; as muitas viagens internacionais — e suas justificativas; o Brasil profundo.
“Eu nunca tive problema com o agronegócio”, disse Lula, assim que o tema foi inserido no debate. Ou: “A criança no meu colo é agora a mãe”, ao comentar sobre suas viagens pelo país e o reencontro com pessoas que Lula viu em suas primeiras campanhas.
O potencial de editar as falas e transformá-las em memes, nesse primeiro episódio, mostrou-se bastante menor do que as lives de Bolsonaro.