Os placares folgados das votações de dois projetos cruciais para o governo Lula 3, o do arcabouço fiscal e a da reorganização do Esplanada, não contam a história da difícil negociação que teve como protagonista o presidente da Câmara Federal, Arthur Lira (PP-AL).
Lira fala pouco com a imprensa e não é nada loquaz em suas contas de redes sociais. Por isso, quando decide falar, age estrategicamente. Assim, os recados que deu para o governo esta semana, pedindo melhor articulação política, calaram fundo.
Mas a operação da Polícia Federal na quinta (1º), que atingiu um aliado próximo do alagoano, com a clássica foto de notas empilhadas de dinheiro, talvez não estivesse na programação.
Se o governo pode não saber ainda a melhor maneira de lidar com o presidente da Câmara, o senador Renan Calheiros (MDB-AL), rival estadual, sabe — é indo para a guerra, e, se possível, espezinhando-o.
Renan tem noticiado as queixas da ex-mulher de Lira, Jullyene Lins, que celebrou a operação da Polícia Federal:
“Quando às instituições funcionam os picaretas são pegos! Não cansarei de pedir intervenção no judiciário alagoano nos processos vinculados a Arthur Lira, fui testemunha de acusação no maior desvio de dinheiro público de Alagoas, as digitais são semelhantes e os padrões os mesmos”, escreveu.
Quando às instituições funcionam os picaretas são pegos! Não cansarei de pedir intervenção no judiciário alagoano nos processos vinculados a Arthur Lira, fui testemunha de acusação no maior desvio de dinheiro público de Alagoas, as digitais são semelhantes e os padrões os mesmos! pic.twitter.com/hpJhbIge5v
— Jullyene Lins (@LinsJullyene) June 1, 2023
O colunista Lauro Jardim, de O Globo, publicou nesta sexta (2) que Lira está “espumando de raiva” com a ação da PF, que ele, olimpicamente, disse não ter qualquer relação — “cada um é responsável por seu CPF, falou.”
O semipresidente não terminou a semana da maneira que imaginava.