O ex-ministro da Economia, Paulo Guedes, certamente não será lembrado por seus pósteros pela política econômica que implantou durante seus quatro anos como chefe de um ministério vitaminado; mas pode ser que suas frases espirituosas, suas falas muitas vezes demofóbicas e suas incontinências verbais que ajudaram a pôr a pique as chances de reeleição de seu chefe sejam relembradas e estudadas por décadas e décadas.
Uma dessas frases, ditas ainda em 2020, aludia ao congelamento do reajuste de salário dos servidores públicos por dois anos. Ele disse que essa medida, tão importante quanto a reforma previdenciária (aprovada em 2019, com inúmeros benefícios aos militares) e a queda dos juros, significava “quedas de torres dos inimigos”.
“Nós já botamos a granada no bolso do inimigo”, disse, ao falar do congelamento – fica a dúvida se o inimigo era o servidor público, os governadores, os prefeitos, ou a oposição.
Pois bem: nesta terça (30), Simone Tebet, ministra do Planejamento e Orçamento, ecoou Guedes. Ela disse que o colega Fernando Haddad, da Fazenda, o Guedes de Lula, por assim dizer, “jogou uma granada sem pino no próprio colo”.
E ela própria fez a exegese, explicando que a granada sem pino são as “metas ambiciosas, mas críveis” que Haddad pretende buscar para cumprir as metas fiscais do arcabouço aprovado na Câmara há poucos dias.