A ligação entre racismo e Alzheimer é uma das conclusões do Birth to Death – Black American and a Lifetime of Disparities, estudo que a Associated Press (AP) divulgou na terça-feira (23). Realizado durante um ano, o levantamento mapeou diferenças entre negros e brancos em cinco problemas de saúde – Alzheimer entre eles.
Segundo o documento, negros acima de 65 anos têm 14% de probabilidade de desenvolver o problema, que é progressivo e fatal. Já na população branca da mesma faixa etária esse número cai para 10%.
Para o Centers for Disease Control ans Prevention (CDC), o índice pode ser maior, já que muitos negros não recebem o diagnóstico correto. De acordo com o órgão, os números podem quadruplicar até 2060.
A pesquisa da AP menciona o papel do preconceito racial no desenvolvimento do Alzheimer. É um efeito dominó, já que o preconceito que essas pessoas sofrem ao longo da vida causa estresse que, por sua vez, está na raiz de vários problemas de saúde – entre eles, os processos inflamatórios, que são fatores de risco para o declínio da capacidade cognitiva.
Não é só genética
Claro que cada grupo racial tem suas peculiaridades, mas, de maneira geral, negros adoecem mais cedo que os brancos – e a explicação para isso vai além dos genes.
A ciência já estabeleceu a relação entre Alzheimer e diabetes e doenças cardíacas, que são mais comuns entre negros. Depressão, pressão alta, obesidade e estresse crônico também vão para a conta, assim como a pobreza – que, de certa forma, funciona como gatilho para todos esses problemas de saúde.
Some-se a isso o fato de que os serviços de saúde oferecidos para a população negra americana não têm a mesma qualidade daqueles que estão disponíveis para os brancos. Então, ter acesso a bons serviços – ou mesmo não ter nenhum acesso a deles – acaba aumentando a incidência de uma série de doenças. O Alzheimer entre elas.