Tarcisio recebe Zema, ambos trocam elogios, mas nada indica mudanças na guerra fiscal

Zema e Tarcísio || Crédito: Reprodução

Mais do que reeditar uma política do café com leite cem anos depois, governadores parecem querer assumir a liderança de uma direita menos radicalizada

Há mais ou menos um século isso até poderia ser considerado um movimento histórico. Governadores paulistas e mineiros – na época chamados presidentes de província – revezavam-se à frente da presidência do país. O mecanismo, que ficou conhecido como política do café com leite, foi dinamitado quando Getúlio Vargas tomou um trem de Porto Alegre até o Rio e iniciou sua longa jornada de 15 anos como principal inquilino do palácio do Catete.

Cem anos depois, os atuais governadores Tarcísio Gomes de Freitas, de São Paulo, e Romeu Zema, de Minas Gerais, são só amor um pelo outro, e vêm trocando elogios mútuos. Não se sabe, pois ainda não anunciaram qualquer projeto comum, o que pretendem exatamente com isso. Talvez assumirem a liderança de uma direita menos alucinada com o possível ocaso de Jair Bolsonaro.

O problema, nesse caso, é que um seria rival do outro.

Nesta quinta (18), Zema pagou uma visita ao colega no palácio dos Bandeirantes. E fizeram um videozinho em jogral falando em “alinhamento” e outras generalidades. “Vamos caminhar juntos para buscar o investimento, o emprego, junto com a parceria com a iniciativa privada”, disse Tarcisão.

Há cerca de dois meses, Tarcísio já havia elogiado Zema, a quem chamou de “excelente governador” e elencou alguns temas que seriam compatíveis entre os dois estados, como infraestrutura, reforma tributária e o que chamou de “nova industrialização”.

Resta saber se a guerra fiscal, que costuma levar empresas de São Paulo para Minas (a recíproca dificilmente é verdadeira) vai ser abrandada por conta desses elogios.