As idas de ministros do governo Lula 3 a comissões parlamentares, ato de que Flávio Dino (Justiça) se tornou useiro e vezeiro, virou uma marca deste 2023. A convocação é um expediente bastante utilizado pela oposição, notadamente aquela mais alinhada ao bolsonarismo, mesmo com o resultado mais palpável desses encontros: verdadeiros bailes dos ministros, dada a enorme discrepância técnica e mesmo intelectual entre convidados e diversos anfitriões.
Esta quarta-feira (17) marcou a ida do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a uma audiência na Câmara Federal, mesmo com a votação de urgência do arcabouço fiscal marcada para o dia.
Com longo traquejo no Executivo, seja na prefeitura de São Paulo, seja como ministro da Educação, Haddad acabou por ter de ouvir reclamações e inquirições bastante distantes de seu campo de atuação.
O deputado Coronel Chrisóstomo (PL-RO), que iniciou sua exposição aos gritos, citou Antonio Palocci, “PL da Censura”, “abóbora”, “picanha” e, finalmente, “agro muito bem beneficiado pelo presidente Bolsonaro”.
Houve ainda citações a “financiamentos a países comunistas” e críticas ao cartão corporativo de Lula, cortesia do deputado Zé Trovão (PL-SC).
O arcabouço fiscal, vez por outra era lembrado. E críticas duríssimas sobre o projeto vieram, curiosamente, de parte da base aliada, como a deputada Fernanda Melchionna (Psol-RS).
Ao responder a Chrisóstomo, Haddad não parecia muito entediado:
“Ninguém fez mais pelo agro do que a gente (…) Pega o gráfico, deputado. O senhor deve ter assessoria. O que falam não necessariamente corresponde a realidade. Pega o que o BNDES financiou em implementos agrícolas. Pelo amor de Deus, era muita coisa. A hora é de união e reconstrução (…) com base objetiva, em dados.”