O ministro da Justiça e da Segurança Pública, Flávio Dino (PSB-MA), já gozava de alguma popularidade em seus dois mandatos como governador do Maranhão, função que exerceu entre 2015 e o começo de 2022. Mas foi muito recentemente, ao passar a visitar frequentemente sessões de comissões da Câmara e do Senado, requisitado por parlamentares de oposição, que ele se tornou uma figura de alcance nacional. Sua capacidade argumentativa, um quê de ironia e a facilidade com que escapa das armadilhas bolsonaristas ao mesmo tempo em que as desvenda, deixam deputados e senadores que antagonizam o governo Lula 3 em maus lençóis e fazem de Dino um dos ministros mais populares da Esplanada. Ainda como governador maranhense, Dino foi ouvido pela PODER, num longo pingue-pongue. Vale reviver duas passagens aqui: “O [sociólogo] Max Weber cunhou uma distinção entre a ética das convicções e a ética da responsabilidade, diz que o bom político não pode estar apenas preso à primeira, pois seria um fanático; e não pode estar preso apenas à ética da responsabilidade, porque seria um cínico. Não é nunca voltar atrás, mas tampouco aceitar qualquer coisa (…) O campo progressista tem de ser plural, porque a sociedade é plural. Há um traço distintivo do campo progressista e popular que é o combate à desigualdade. Mas debaixo desse guarda-chuva tem de ter capacidade de matizar a atuação, porque a sociedade é matizada, nuançada, e a gente tem de buscar representatividade, aderência.” (Crédito: Gilson Teixeira/divulgação)
Encarnação política da famosa “Teoria de Medalhão”, do conto de Machado de Assis, em que um pai roga ao filho jamais destacar-se por suas opiniões, ou, por outra, destacar-se justamente por não ter opinião, o ex-prefeito paulistano Gilberto Kassab vem conseguindo incrementar seu cacife político em tempos de polarização e lacração nas redes – uma proeza, sem dúvida. Fundador do PSD, viu seu partido crescer no Congresso Nacional – Rodrigo Pacheco, presidente do Senado, é da sigla –, e também nos executivos estaduais. Assistiu a Ratinho Júnior (PSD) ser reeleito no Paraná e Tarcísio Gomes de Freitas, do Republicanos, chegar ao Bandeirantes. Foi Kassb que capitaneou a campanha vitoriosa de Tarcisão, mesmo com a falta total de intimidade do atual governador com São Paulo. Kassab, que foi ministro de Dilma Rousseff e de Michel Temer, falou a PODER no fim de de 2021. “O importante é estar a serviço de causas e ter diálogo, o que não significa abrir mão dos seus princípios e convicções. Eu me considero um político de centro, mas não um centro fisiológico que quer estar alinhado a qualquer governo. Sou um político ideológico, que entende a importância do centro em convergência com partidos mais progressistas, ressaltando a importância do estado nas políticas públicas de saúde, educação e segurança, mas que também entende, e aí em aproximação maior com os liberais, a importância de um estado que seja o menor possível.” (Crédito: Marcos Corrêa/PR)
Atual ministro da educação de Lula 3, o ex-governador cearense Camilo Santana foi o candidato à reeleição com maior votação proporcional do Brasil, em 2018. Sinal de aprovação de seu governo de realizações em diversas áreas, principalmente a que agora coordena nacionalmente como ministro, a educação. O tom moderado e sobretudo conciliador de Camilo já fez com que fosse associado a um certo “jeito tucano” pelo ex-senador cearense Tasso Jereissati. Pode parecer um anacronismo, mas em 2018, quando Camilo falou a PODER, “jeito tucano” era algo que ainda existia. Então governador, ele ainda imaginava ser possível manter uma relação institucional com Jair Bolsonaro, então iniciando sua tumultuada administração. “Sou um homem do diálogo e torço para que dê certo. É preciso ter cuidado para não perder a relação federativa, institucional. Governa-se para todos. Em janeiro tive atendidos os pleitos [do Ceará], espero que essa relação possa permanecer”, disse. (Crédito: Beto Barata/PR)
Caso não tivesse sua vida abreviada por um câncer em 2021, o ex-prefeito de São Paulo, Bruno Covas, poderia quem sabe mudar o destino de insolvência do PSDB, partido de que era uma das principais forças ascendentes, mesmo com a rejeição que ceifou a vida política de João Doria, seu parceiro histórico na legenda. Tendo conquistado no fim de 2020 mais um mandato à frente da maior cidade do continente, ele acabou por governar por poucos meses. Em 2019, Covas participou de um Almoço de PODER com os jornalistas Paulo Vieira, Fábio Dutra e Dado Abreu. Ali definiu-se como “radical de centro”, em consonância como ele próprio via seu partido. “O PSDB teve problemas por não conseguir comunicar suas ideias racionais de centro, ideias que entendem os problemas sociais do país, mas também a necessidade das reformas; e por ter titubeado em questões-chave como as acusações contra Aécio Neves”, disse. (Créditos: Paulo Freitas)